Título: ADVERSÁRIO DE BERZOINI AINDA ESTÁ INDEFINIDO
Autor: Cristiane Jungblut/Ricardo Galhardo/Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 21/09/2005, O País, p. 8

Candidatos da esquerda disputam o direito de ir ao segundo turno na eleição interna do PT

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Com quase 92% dos votos apurados até ontem, a eleição interna para presidente nacional do PT ainda não indicou quem disputará o segundo turno com o deputado Ricardo Berzoini, atual secretário-geral do partido, que tem 42,4% dos votos e pertence à corrente governista Campo Majoritário. Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, aparece em segundo lugar, com 15,4%, ameaçado agora por Raul Pont, da Democracia Socialista, com 14,5%. O segundo turno será no próximo dia 9.

Plínio de Arruda Sampaio, apoiado pela Ação Popular Socialista, está com 13%, encostado na deputada Maria do Rosário, com 12,6% dos votos. Markus Sokol tem 1,4% e Gegê, 0,7%. O Campo Majoritário deverá continuar no comando do partido. A chapa, com nomes como José Dirceu e o ministro Antonio Palocci, está na frente, com 43,6% dos votos. Não haverá segundo turno para as chapas.

Até ontem, foram totalizados 250.672 votos de 2.496 municípios dos 27 estados. Candidatos do Campo Majoritário venceram as eleições petistas, já no primeiro turno, em quatro dos sete diretórios municipais do Grande ABC (São Bernardo, São Caetano, Mauá e Rio Grande da Serra).

Suspeitas de fraudes ainda podem causar mudanças nas eleições. Ontem, o deputado estadual Simão Pedro, candidato à presidência do diretório do PT na capital, protocolou recurso pedindo impugnação da urna da Vila São José e a recontagem de votos do diretório zonal da Capela do Socorro. O presidente do PT, Tarso Genro, afirmou que as irregularidades só adquirem importância no momento em que influenciem o resultado.

Para o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, o candidato do Campo Majoritário nas eleições do PT, Ricardo Berzoini, deve vencer no segundo turno. Ele disse, no entanto, que não seria nenhuma aberração se a esquerda ganhasse o pleito. Ao comentar as críticas que os candidatos das tendências de esquerda têm feito à política econômica, Jaques Wagner disse que algumas pessoas dentro do PT deveriam reconhecer os êxitos do governo e que a economia está dando um show.

Eleitor de Berzoini, Jaques Wagner não quis comentar a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no pleito. Ele elogiou a grande participação dos militantes nas eleições de domingo. Para o ministro, foi uma demonstração de que os petistas não querem colocar "25 anos de história fora".

Ao rebater as críticas que têm sido feitas ao governo, Jaques Wagner disse que não há risco nesse debate.

- Achar que não há críticas seria um absurdo porque esse é um governo em busca de melhorias constantes. Querer que seja melhor é super bem-vindo. Mas deve-se reconhecer que o país passou a ser o quarto destino na preferência dos investidores, que a economia está dando um show e não tem nada a ver com a economia do governo anterior - disse o ministro.

Ontem, integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (Cdes) entregaram a Jaques Wagner um documento sobre a crise política, pedindo punição para os envolvidos nas denúncias. O documento será remetido a Lula.