Título: PARTE DO DINHEIRO ROUBADO FICARIA COM A PF
Autor: Célia Costa/Ana Cláudia Costa/Jaílton de Carvalho
Fonte: O Globo, 21/09/2005, Rio, p. 14

Lei destina 40 por cento das quantias apreendidas para o Fundo Nacional Antidrogas

Além do sucesso da Operação Caravelas ao desbaratar uma quadrilha de tráfico internacional, a Polícia Federal teria outro motivo para comemorar: 40% dos cerca de R$50 milhões em bens apreendidos com os acusados deveriam ser revertidos para a instituição. Com o roubo de mais de R$2 milhões em moedas estrangeiras e nacional, a Polícia Federal deve perder cerca de R$800 mil. De acordo com a lei, o dinheiro apreendido com traficantes vai para o Fundo Nacional Antidrogas e a PF pode usar parte dos recursos.

Segundo o delegado Ronaldo Magalhães, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes de Brasília, o percentual é o mesmo para todos os bens da quadrilha, inclusive barcos, carros de luxo e imóveis que a PF já identificou como sendo dos traficantes. Só um carro valeria R$800 mil e uma casa em Búzios, R$7 milhões. Mas, no caso do dinheiro, a operação é rápida porque não é necessário fazer leilões do bem apreendido. A Justiça emite uma ordem e o governo cria títulos para garantir os recursos em caso de não haver condenação.

- Este ano nós já usamos R$1 milhão de recursos advindo de bens apreendidos de traficantes e no ano que vem já temos garantidos recursos financeiros R$5 milhões que queremos colocar no orçamento - disse o delegado Magalhães.

Uma operação como a feita a semana passada não custa barato. Além de escutas telefônicas, reprodução de documentos e outros gastos, os policiais têm que acompanhar os acusados. Na semana passada, 20 agentes de Brasília vieram para o Rio e ficaram 72 horas seguindo os acusados sem parar. Além da hospedagem em hotéis do Rio, eles tiveram que ir aos mesmos restaurantes de luxo que os empresários freqüentavam e, claro, pagar a conta com uma verba própria da PF.

Além da ajudar a polícia, o dinheiro é gasto em programas de prevenção ao uso de drogas financiados pela Secretaria Nacional Antidrogas. A idéia de ficar com os bens do traficante não é apenas para cobrir os custos das operações. Segundo Ronaldo Magalhães, a intenção é quebrar a estrutura financeira das quadrilhas e com isso dificultar que elas voltem a operar.