Título: Aldo, apoiado por Lula, já é vítima do fogo amigo
Autor: Ludia Medeiros,
Fonte: O Globo, 24/09/2005, O País, p. 5

PTB, PL e PP decidem manter concorrentes próprios no páreo pela presidência da Câmara até segunda-feira

BRASÍLIA. O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-AL) terá de trabalhar muito para se firmar como candidato de consenso da base governista à presidência da Câmara. Até o fim da tarde de ontem, PTB, PL e PP estavam dispostos a manter seus candidatos no páreo pelo menos até segunda-feira. O ex-ministro da Coordenação Política terá também de administrar as reações negativas que sua candidatura provocou em setores do PT, que criticaram a intervenção do governo na troca de Arlindo Chinaglia (PT-SP) por Aldo.

O deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ) foi um dos que condenaram a substituição. Para ele, houve uma decisão externa que significa ¿um atestado de inidoneidade aos petistas¿. Biscaia previu reações negativas num momento em que deputados pensam em deixar o PT:

¿ Mais uma vez a bancada foi desrespeitada. É um erro atrás do outro. Se os partidos da base mantiverem seus candidatos, corre-se o risco de haver um segundo turno entre Thomaz Nonô (PFL-AL) e um deles. E o PT continuará fora da Mesa.

Outro que estranhou a manobra foi o deputado Paulo Delgado (MG), que diz ter dúvidas se Chinaglia já não sabia que seu nome seria preterido, já que a candidatura durou menos de 24 horas:

¿ É difícil imaginar que o líder do governo tenha sido atropelado pelo governo. Seria melhor para o PT discutir que desde sempre não teria candidato.

No PT, e também no PMDB, causou mal-estar o fato de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ter sido um dos articuladores do lançamento de Aldo. Na quarta-feira, Renan ofereceu um almoço e ali foi sacramentado o nome do deputado Michel Temer (SP) como candidato de consenso no partido. À tarde, reunião da bancada do PMDB confirmou a decisão. Mas à noite o nome de Aldo já era defendido por Renan e pelos senadores José Sarney (AP) e Ney Suassuna (PB) como a melhor escolha para unir a base.

¿ Não tem sentido o presidente do Senado dar palpite na sucessão da Câmara. Há uma descompostura política prevalecendo ¿ lamentou Delgado.

Aldo aproveitará o fim de semana para fazer campanha. Ontem ele começou o dia reunido com o líder do PT, Henrique Fontana (RS), com Chinaglia e com o líder do PSB, Renato Casagrande (ES). Conversou por telefone com a maior parte dos adversários para comunicar o lançamento de sua candidatura, sem pedir que desistissem da disputa. A Temer, o ex-ministro salientou a preocupação de ambos com a imagem da Câmara.

¿ Disse que precisávamos conduzir a disputa com equilíbrio, já que temos pensamentos semelhantes sobre o papel da instituição. Nós nos respeitamos, mas as circunstâncias nos colocaram nessa disputa ¿ observou Aldo.