Título: Lula pede a ministros do PMDB apoio a Aldo
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 24/09/2005, O País, p. 8
Presidente reúne-se com auxiliares e lembra importância de não repetir erros da eleição de Severino, em fevereiro
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou ontem os três ministros do PMDB ao Palácio do Planalto para cobrar empenho na busca de votos para a candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) à sucessão de Severino Cavalcanti. Determinado a não repetir o erro de fevereiro passado, quando manteve-se neutro na disputa que resultou na eleição de Severino, Lula se reuniu à tarde com Hélio Costa (Comunicações), Saraiva Felipe (Saúde) e Silas Rondeau (Minas e Energia). O presidente falou da importância de se eleger um candidato afinado com o governo e que esperava contar com a solidariedade e o empenho dos ministros em favor de Aldo Rebelo.
Os ministros se comprometeram a trabalhar pela candidatura governista junto às suas bancadas regionais, apesar de o PMDB ter lançado o candidato Michel Temer (SP). Eles foram indicados para o Ministério justamente pela ala governista do PMDB, comandada pelos senadores Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP), que também articularam a escolha de Aldo Rebelo. Embora sutil, o recado do presidente, no encontro, foi de que agora os ministros têm que mostrar sua influência dentro do PMDB.
Ministro lembra temor do governo
Lula, segundo participantes, começou o encontro reiterando que o candidato da base aliada e do governo será mesmo Aldo Rebelo. Repetiu que o PT e a base aliada não podem cometer os erros de fevereiro, e que a Câmara não pode ser uma extensão do Planalto e nem um bunker da oposição.
Em seguida, coube ao ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, também presente na reunião, fazer uma análise da situação e do temor do governo de ver a oposição conquistar o comando da Câmara com a eleição de José Thomaz Nonô (PFL-AL). A conversa de Lula com os ministros peemedebistas não foi demorada. A expectativa do Planalto é de que eles conquistem não apenas os votos do PMDB, mas de todo os partidos em seus estados de origem.
Desde quarta-feira, quando Severino renunciou, o presidente Lula vem se empenhando pessoalmente para primeiro unificar o PT e depois a base aliada.
¿ Como ministros do governo, vamos conversar com os deputados em favor do nome do candidato da base aliada, que é Aldo Rebelo ¿- se limitou a dizer o ministro Saraiva Felipe, ao ser perguntado sobre o encontro.
Planalto acalma Michel Temer
Ao longo do dia, o Planalto também agiu para tentar acalmar o deputado Michel Temer. O ministro Jaques Wagner telefonou para ele, que estava em São Paulo, para oficialmente felicitá-lo pelo seu aniversário ontem. O líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), que esteve no Planalto, disse que já tinha conversado com o deputado Geddel Vieira Lima (BA) e que também procuraria Temer.
O que o Planalto quer evitar a todo custo é que Michel Temer dê apoio a José Thomaz Nonô, caso venha a desistir da disputa. Nesse caso, seria preferível que Temer mantivesse sua candidatura. Apesar das incertezas, os palacianos avaliam que Aldo tem condições de vencer a disputa.