Título: LUIZINHO SE DEFENDE COM O AVAL DE DELÚBIO
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 24/09/2005, O País, p. 10

Petista envia à Câmara declaração de ex-tesoureiro

BRASÍLIA. Acusado de receber R$20 mil do valerioduto, o deputado Professor Luizinho (PT-SP) apresentou como principal avalista na defesa que enviou à Câmara justamente o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares. Numa declaração do dia 6 de setembro último, com firma reconhecida em cartório, Delúbio diz que Luizinho não teve qualquer ¿interferência ou participação¿ no repasse dos recursos que teriam sido negociados diretamente com José Nilson dos Santos, assessor do deputado.

Luizinho é um dos 16 deputados citados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão no escândalo do suposto pagamento de mesadas a parlamentares. No documento apresentado pelo petista, Delúbio afirma que a ¿ajuda de R$20 mil se deu por solicitação direta do referido militante a mim, para apoio a pré-candidaturas¿. Ou seja, joga toda a responsabilidade em José Nilson. Luizinho considera legítimo colocar um testemunho de Delúbio em sua defesa, mesmo ele sendo um dos principais investigados pelas CPIs.

¿ Por que isso seria ruim para minha defesa? Por que a palavra do Delúbio não tem credibilidade? Afinal, foi ele quem liberou o dinheiro, e ninguém melhor para atestar a minha inocência. As duas pessoas que podem provar que eu não pedi o dinheiro são Delúbio e o meu assessor Nilson. Aliás, o Delúbio não está me defendendo. Ele apenas deu uma declaração ¿ disse Professor Luizinho.

Deputado também anexa declaração de assessor

O deputado também anexou uma declaração do seu assessor José Nilson, atestando que atesta que em dezembro de 2003, por iniciativa própria, resolveu ¿entrar em contato com o senhor Delúbio Soares, com a intenção de que ele pudesse liberar recursos para que pudéssemos ajudar as pré-campanhas¿.

Inicialmente, Luizinho negou que seu assessor tivesse sacado dinheiro das contas do empresário mineiro Marcos Valério no Banco Rural. Só quando surgiu o saque na agência de São Paulo, em nome do seu funcionário, é que Luizinho confirmou a retirada de R$20 mil:

¿ Na época, questionei o Nilson sobre sua entrada no Banco Rural em Brasília, e ele me garantiu que não tinha passado por lá. Depois ele se lembrou que tinha pego dinheiro para o PT, mas em São Paulo.

O ex-líder do governo na Câmara concorda com a hipótese levantada pelo presidente do Conselho de Ética da Câmara, deputado Ricardo Izar(PTB-SP), de que seu processo e de outros quatro deputados poderão ser arquivados por falta de provas. Luizinho pede para ser tratado da mesma forma que o deputado Paulo Delgado (PT-MG), cujo assessor pegou recursos para o PT do Distrito Federal:

¿ Esse dinheiro foi para pré-campanha. Por isso é que foi em dezembro de 2003 e num valor tão pequeno. Apesar de o Nilson ser meu assessor, ele era um militante petista e tinha autonomia para isso. É a mesma situação do Paulo Delgado. Ou seja, não tenho nada a ver com isso.

Procurado pelo GLOBO, Delúbio Soares informou por intermédio do seu advogado, Arnaldo Malheiros, que não faria comentário sobre sua declaração em favor de Luizinho.