Título: COMÍCIO EM SÃO PAULO DEFENDE DESARMAMENTO
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 24/09/2005, O País, p. 13

Manifestação reúne presidente do Senado, o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Serra

SÃO PAULO. Um comício em favor do ¿sim¿ no referendo pelo desarmamento foi realizado ontem de manhã, no Viaduto do Chá, em São Paulo, com a participação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito José Serra (PSDB). A manifestação foi um marco para a campanha nos 30 dias que restam para o referendo, no qual os eleitores responderão ¿sim¿ ou ¿não¿ à pergunta se são a favor do comércio de armas e munição no país.

Em favor do desarmamento e pelo ¿sim¿ no referendo de 23 de outubro, Alckmin lembrou que a campanha do desarmamento já fez com que o número de homicídios tivesse uma redução de 40,6% em São Paulo no último ano. Esse número, segundo ele, será menor ainda este ano. O governador lembrou os riscos de se ter uma arma, citando como exemplo notícia publicada nos jornais de ontem com o caso de um garoto de 15 anos que matou outro, de 11, porque encontrou um revólver em casa.

¿ Vamos dar uma chance à paz ¿ disse Alckmin, citando John Lennon.

Monopólio do combate ao bandido é do Estado

Serra também observou que em São Paulo acontecem em média 3 mil mortes por ano devido a acidentes, desentendimentos familiares, brigas de botequim e suicídios. Segundo ele, nestes 30 dias que faltam para o referendo, é preciso combater ¿os sofismas e falsos argumentos¿ da campanha que defende o ¿não¿, ou seja, a manutenção das armas. Para Serra, um dos falsos argumentos é de que a população deve estar armada para se defender dos bandidos.

¿ O Estado é que tem de ter o monopólio da força contra o bandido. A violência do bandido se combate com a polícia e não com a violência da população ¿ disse o prefeito. ¿ Aqueles que são a favor do armamento, inclusive com recursos que vão utilizar das indústrias de armamentos, argumentarão junto à população que se bandidos têm armas, a população também precisa ter armas. Só que está provado que quem reage com armas a um assalto tem muito mais chances de morrer do que aquele que não reage.

O senador Renan Calheiros lembrou que a grande maioria dos crimes no Brasil acontece depois de discussões e brigas, com o conseqüente uso de armas de fogo:

¿ As estatísticas demonstram sobejamente que a arma não protege, ela mata. Ela não livra a pessoa do perigo, ela agrava esse perigo. Então, se a arma não serve para proteger a pessoa, serve para quê?