Título: COM RENÉE, UMA HISTÓRIA DE AMOR E MILITÂNCIA
Autor: Ciça Guedes e Toni Marques
Fonte: O Globo, 24/09/2005, O País, p. 14

Apolonio conheceu a mulher durante a luta na Resistência francesa

Como todas as histórias de vida que mais parecem roteiro de filme, não poderia faltar um romance na biografia de Apolonio. Renée Carvalho, nascida Langery, entrou na vida do militante em setembro de 1942, na França. Filha de comunistas franceses, era uma adolescente quando se conheceram. Perseguidos num país dominado pelos nazistas, os dois transformaram o amor em operação de guerrilha. ¿Eu não podia procurá-la em casa. Tinha de me encontrar com Renée através de operações de guerrilha. Apanhá-la no caminho do trabalho, fora de casa, na rua¿, contou Apolonio numa entrevista à Fundação Perseu Abramo.

Renée era Edith na Resistência, uma agente de ligação. Com 18 anos, em 1944, passou a viver com Apolonio em Nîmes, e transportava explosivos e armas, furando barreiras militares.

Na volta ao Brasil, em dezembro de 1946, estava grávida de Raul e já tinha René-Louis, de 2 anos. A vida não foi nada fácil: o PCB entrou de novo na ilegalidade e Apolonio dedicava seu tempo ao partido. Entre 1964 e 1970, ele viveu na clandestinidade até ser preso, e os encontros eram nos fins de semana, em casas sempre diferentes para despistar a repressão. ¿Dentro de todo aquele sofrimento houve também bons momentos¿, dizia Renée, que enfrentou ainda a prisão dos filhos e da nora Isabel pela ditadura militar, em 1970.

A história de amor e militância virou filme: o documentário ¿Vale a pena sonhar¿, baseado no livro de memórias de Apolonio, publicado em 1997. (C.G.)