Título: RISCO-BRASIL É O SEGUNDO MENOR DA HISTÓRIA. DÓLAR FICA ABAIXO DE R$2,27
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 24/09/2005, Economia, p. 32

Bovespa bate novo recorde impulsionada pelas ações da Brasil Telecom

A confiança dos investidores estrangeiros na economia brasileira atingiu ontem o maior nível dos últimos oito anos. O risco-Brasil, que mostra a diferença entre os juros pagos pelos títulos do Brasil e os dos Estados Unidos, caiu 1,67%, para 358 pontos centesimais, o menor patamar desde o recorde de 337 pontos registrado em 22 de outubro de 1997. Quanto menor a taxa de risco, maior a confiança no Brasil. Já o dólar encerrou os negócios a R$2,265 para venda, em queda de 0,48%. É a menor cotação desde 10 de abril de 2002 (R$2,264).

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 2,01%, aos 31.294 pontos, pela terceira vez na semana batendo recorde de pontuação. Após forte queda na semana, as projeções de juros ficaram estáveis na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Nos contratos mais negociados, com vencimento em janeiro de 2007, a taxa ficou em 17,65% ao ano.

A melhora nos indicadores foi resultado de rumores de melhora na nota de risco de crédito do país e da forte entrada de investidores estrangeiros no mercado brasileiro, estimulados pela ainda competitiva remuneração dos ativos do país e pela farta liquidez internacional. A queda do petróleo também trouxe otimismo, após a pressão sobre as cotações nos últimos dias. Ontem, o preço do petróleo cru leve americano recuou 3,5%, para US$64,19, e o tipo Brent caiu 3,34%, cotado a US$62,44.

Saldo estrangeiro na Bolsa é positivo em R$672 milhões

O saldo de investimento estrangeiro na Bovespa (compras menos vendas) ficou positivo em R$672 milhões em setembro, no acumulado até o dia 20. Somente as compras de ações somaram R$6,75 bilhões. No ano, o balanço está positivo em R$3,55 bilhões.

Ontem, a alta da Bolsa veio a reboque da valorização das ações da Brasil Telecom, que subiram 12,29% devido a rumores de que a Telecom Italia havia comprado a participação dos fundos de pensão e do Citigroup na empresa. A Telecom Italia negou o fechamento do negócio, mas não informou ainda se há, de fato, negociação em andamento.

¿ A baixa aversão a risco internacional e a expectativa de melhora na nota brasileira temperaram a já grande atratividade do Brasil para os estrangeiros. O país melhorou o perfil do seu endividamento, tem perspectiva de taxas de juros declinantes no próximo trimestre e inflação em queda. Só poderia ser melhor se não houvesse crise política ¿ avalia Ricardo Amorim, chefe de Pesquisa para a América Latina do banco WestLB em Nova York.

Emy Shayo, economista para a América Latina do banco Bear Sterns, destaca o ainda elevado retorno dos ativos brasileiros para o investidor internacional:

¿ O país paga os juros mais altos do mundo. É o maior retorno entre os emergentes num cenário de crescimento econômico e bons fundamentos. Por que não investir no Brasil?