Título: PALOCCI: G-12 JÁ EXISTE NA PRÁTICA
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 24/09/2005, Economia, p. 33

Com economia sólida, ministro responde a perguntas sobre política

WASHINGTON.Participando pela primeira vez de uma reunião anual do Fundo Monetário Internacional sem precisar do suporte da organização para a economia brasileira, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, disse ontem que o Brasil já faz parte do clube dos países com economia forte, formando o G-12:

¿ Na prática, Brasil, Índia e às vezes África do Sul já participam das reuniões do G-7 ¿ disse Palocci, comentando a proposta dos bancos privados de juntar os três países mais a China ao fórum das sete grandes potências mais a Rússia.

Ontem, primeiro dia de Palocci em Washington, o ministro teve também pela primeira vez uma reunião com o novo presidente do Banco Mundial, James Wolfowitz, e logo depois participou de um almoço oferecido pelo secretário do Tesouro dos EUA, John Snow, aos ministros do G-7 e quatro candidatos a ingressar no clube dos grandes.

No encontro, segundo Palocci, o Brasil recebeu um sinal positivo dos americanos e do secretário do Tesouro, Gordon Brown, para a reivindicação de aumentar sua representação no Fundo:

¿ Nosso poder de decisão é menor do que representamos na economia mundial porque as fórmulas são antigas.

O ministro disse ainda que conseguiu apoio para a proposta de criação de um fundo preventivo de crises. Estas questões, no entanto, foram periféricas na reunião dos ministros do G-7 ampliado. O petróleo teve maior foco de atenção no encontro, que tinha como objetivo discutir os riscos ao crescimento mundial.

Tanto para o ministro brasileiro como para o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, a explosão dos preços não vai ter efeitos fortes sobre o quadro positivo da economia brasileira.

¿ O que se vê pela frente é uma política monetária menos restritiva com conseqüências importantes para o crescimento econômico ¿ disse Palocci.

O ministro disse ser mais confortável participar do encontro agora que o Brasil não tem mais acordo com o Fundo, mas não escapou do constrangimento de ter que responder perguntas de jornalistas sobre a crise política, questões repetidas também por dirigentes do Fundo. O ministro aceitou tudo com paciência, só se recusou a falar em inglês:

¿ Caipira e paulista em inglês não dá ¿ disse.