Título: ESCUTA REVELA COMPRA DE RESTAURANTE NA LAGOA
Autor: Célia Costa
Fonte: O Globo, 22/09/2005, Rio, p. 18

Traficante preso diz para ex-mulher, em conversa gravada, que comprou 'mais uma casa' para ela

As escutas das conversas telefônicas entre Sandra Tolpiakow, uma das sócias das redes Capricciosa e Satyricon, e José de Palinhos Jorge Pereira, acusado de ser um dos cabeças da quadrilha internacional de tráfico de drogas, revelam que um dos últimos negócios que ele teria feito usando o nome dela, sua ex-mulher, foi a compra do restaurante Antonino's, na Lagoa.

No relatório sigiloso em que a Justiça federal de Goiás decreta a prisão de 15 pessoas, ao qual O GLOBO teve acesso, está transcrito um diálogo em que Palinhos afirma ter comprado para Sandra o restaurante na Lagoa, onde seria inaugurada a boate Capital Lounge, cujas obras estão paralisadas.

- A partir de hoje, você é dona de mais uma casa, você já sabia, né? - disse Palinhos para Sandra, segundo o relatório.

Ontem, o próprio filho de Palinhos, Rodrigo de Palinhos Jorge Pereira, que deverá se apresentar hoje à Justiça federal de Goiás, disse que o pai lhe contou ter investido mais de R$1,3 milhão na Capital Lounge. Rodrigo diz que é inocente, mas que desconfiava do enriquecimento súbito do pai.

- Há cerca de quatro anos, tentei conversar com ele e levei uma bofetada - contou Rodrigo, que está convencido também da inocência de Sandra que, de acordo com ele, também suspeitava do ex-marido.

Segundo Rodrigo, a Capital Lounge, no papel, teria sido constituída em nome de Vânia de Oliveira Dias, que era secretária de seu pai e está presa, e de Carlos Lage, ex-tesoureiro das redes Capricciosa e Satyricon. Rodrigo afirmou que Palinhos era um homem agressivo e usava o nome falso de Jorge Manoel Paranhos Cohen:

- Ele era tão arrogante que até lá no restaurante pagou a conta com o cartão de crédito com o nome falso.

Rodrigo foi sócio do pai na Eurofish, na Mirhaggio e na Friscomar, mas afirma que nunca esteve à frente delas. Rodrigo viveu com a mãe em Lisboa até os 16 anos, sem conhecer o pai.

- Esse rapaz é inocente. Ele foi abandonado pelo pai a vida toda e depois coagido, inclusive com violência física - afirmou o advogado de Rodrigo, o criminalista Nélio Andrade.

Segundo o relatório da Justiça federal, Rodrigo era responsável por cuidar dos restaurantes do pai e usaria CPFs falsos para abrir empresas fictícias e adquirir bens.