Título: MANTEGA: JURO DE LONGO PRAZO PODE CAIR
Autor: Luciana Rodrigues/Geralda Doca
Fonte: O Globo, 22/09/2005, Economia, p. 26

BNDES: fundo de aval para pequena empresa deve ter até R$100 milhões

Apoiado pelos principais representantes do setor produtivo do país, o presidente do BNDES, Guido Mantega, disse ontem que o atual cenário econômico permite a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que desde abril do ano passado está fixada em 9,75% ao ano. Na próxima semana, o Conselho Monetário Nacional (CMN) vai decidir qual será a TJLP vigente pelos próximos três meses.

- Os principais parâmetros que ajudam a determinar a taxa, como a expectativa de inflação futura e o risco-país, estão favoráveis. Há condições para que a TJLP seja corrigida - explicou Mantega, sem afirmar qual seria o patamar ideal, mas ressaltando que a expectativa é que a taxa possa cair até 1,5 ponto percentual.

Mantega promoveu ontem, na sede do banco, mais uma rodada de conversas sobre o crescimento econômico brasileiro. No encontro, compareceram os presidentes das federações das indústrias dos estados do Rio, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira; de São Paulo, Paulo Skaf; de Minas Gerais, Robson Braga de Andrade; e do Rio Grande do Sul, Paulo Gilberto Tigre.

Fiesp: economia poderia crescer a taxas maiores

Os juros, não apenas a TJLP, mas principalmente a taxa básica da economia (Selic), foram novamente apontados como um dos principais entraves para o crescimento. Para Skaf, a economia poderia estar crescendo a taxas maiores.

- Temos uma taxa de juros reais dez vezes maior do que a média internacional, um volume de crédito da economia que não chega a 30% do PIB e ainda temos gargalos de infra-estrutura. Fica difícil ter um ciclo de crescimento sustentável.

O presidente da Fiesp defendeu, ainda, o aumento do número de conselheiros no CMN, de três (um do Ministério da Fazenda, do Banco Central e do Ministério do Planejamento) para nove, incluindo representantes do setor produtivo. Mantega e Eduardo Eugenio discordaram.

De acordo com o presidente do BNDES, o crescimento em 2006 deve ficar na casa dos 5%. Segundo ele, uma expansão de 3,5% ou 4% não satisfaz. Mas acrescentou que a demanda por financiamento deve crescer 25% este ano, com desembolsos totais de R$50 bilhões. Esse valor, no entanto, é inferior aos R$60 bilhões previstos para 2005.

Mantega anunciou, ainda, que dentro de 30 dias deverá ser concluído o modelo de um fundo de aval para solucionar os problemas das micro, pequenas e médias empresas que têm dificuldade em conseguir garantias para tomar financiamentos, já que não têm patrimônio. O BNDES teria uma participação minoritária, de cerca de 20%, e teria outros parceiros, como o Sebrae.

- O patrimônio do fundo deve ficar entre R$80 milhões e R$100 milhões - frisou o presidente do banco.

Legenda da foto: MANTEGA (À esquerda), com Skaf, da Fiesp, e Eduardo Eugenio, da Firjan (ao fundo): juros na pauta