Título: ESPECIALISTAS: PRIVATIZAÇÃO TEVE RESULTADO POSITIVO
Autor: Eliane Oliveira e Mariza Louven
Fonte: O Globo, 25/09/2005, Economia, p. 35

Liberalização e cautela pautam debate entre os economistas

BRASÍLIA. O papel do Estado na economia provoca discussões intermináveis entre os que defendem a total liberalização, os que vêem com cautela a saída do poder público de atividades estratégicas e os favoráveis à retomada da estatização. Mas, em geral, o saldo das privatizações é considerado positivo, dizem os analistas.

Para o economista Armando Castelar, do Ipea, a suspensão das privatizações no governo Lula foi precipitada: um dado positivo da desestatização é que antes a intervenção do Estado era tanta que até a fixação de preços ao consumidor era controlada.

¿ O custo do poder do Estado à sociedade, quando existe, é mais social do que contábil. Um exemplo são as rodovias federais que ainda não foram privatizadas e são fontes de acidentes, mortes e gastos exorbitantes ¿ afirma Castelar.

Ruy Coutinho do Nascimento, especialista em direito econômico e ex-assessor do BNDES ¿ participava das reuniões do Conselho Nacional de Desestatização (CND) no governo Fernando Henrique Cardoso ¿ é radical quando o assunto é estatização.

¿ Imagine se, no meio dessa crise política, as empresas que foram privatizadas e hoje estão saneadas financeiramente continuassem nas mãos do Estado. Seria muito pior. Vemos que as estatais são usadas como cabides de empregos e acertos políticos ¿ afirma Coutinho.

Tesouro: estatais serão mais abertas e transparentes

Para o ex-ministro das Comunicações Juarez Quadros, um exemplo de sucesso é a privatização da Telebrás.

¿ Havia muitas limitações quando a empresa era estatal ¿ diz Quadros, referindo-se aos recursos necessários para ampliar a rede e adotar as novas tecnologias hoje difundidas.

Já o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, ressalta que, de forma geral, as estatais brasileiras têm apresentado mais resultados positivos do que negativos. Ele acredita que essas empresas têm papel fundamental no crescimento e são importantes para promover o Brasil no exterior.

¿ Caminhamos para um cenário em que as companhias serão mais abertas, transparentes e bem geridas. A maior parte das estatais brasileiras é lucrativa e contribui para o superávit primário ¿ enfatiza Levy.

Raul Velloso, especialista em contas públicas, defende o enxugamento da lista de estatais sem orçamento próprio.

¿ Mas é preciso saber se faz sentido essas empresas existirem. Se não, devem ser eliminadas. Se os seus serviços são imprescindíveis ao usuário, precisam de um choque de eficiência ¿ diz Velloso.

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