Título: MELHORIA DE GESTÃO PARA DIMINUIR INEFICIÊNCIA
Autor: Eliane Oliveira e Mariza Louven
Fonte: O Globo, 25/09/2005, Economia, p. 35

Para ministro do Planejamento, solução não é privatizar. Estatais com problemas passarão a ser monitoradas

BRASÍLIA e RIO. Os argumentos a favor da manutenção das estatais funcionam no caso das grandes, como a Petrobras, a Eletrobrás, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES. Mas caem por terra quando entram no debate empresas que não geram caixa ou são ineficientes, dependentes do Tesouro Nacional para cobrir seus gastos correntes. Para o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, a solução para essas empresas não é a privatização.

¿ Precisamos melhorar a capacidade de gestão e estamos trabalhando para isso ¿ diz ele, que se recusa a listá-las.

Entre as estatais que dependem de recursos orçamentários estão hospitais, fabricantes de equipamentos nucleares, ferrovias, companhias de navegação, armazenagem e de desenvolvimento. Para se ter uma idéia, um grupo de 15 empresas, como Nuclep, Conab, CBTU, Embrapa e Serpro, recebeu R$2,860 bilhões em transferências do Tesouro em 2002, valor que subiu para R$2,988 bilhões em 2003, segundo dados do Ministério do Planejamento.

BNDES defende novo modelo de Estado pós-privatização

Segundo o ministro, o caminho é fazer um exame profundo da situação das empresas. E monitorar, propor mudanças e otimizar o uso de recursos humanos. As estatais passarão a ter uma avaliação periódica, mais ostensiva, diz.

O atual governo não vai continuar privatizando estatais, podendo ter apenas uma eventual ação isolada, informou o assessor da presidência do BNDES, José Eduardo Pessoa de Andrade. Segundo ele, as cerca de cem pessoas envolvidas nos processos de privatização nos governos anteriores foram realocadas para outras áreas:

¿ No novo ciclo de desenvolvimento pós-privatização, o banco se voltará para solucionar os gargalos de infra-estrutura e para o investimento privado que tenha impacto social e seja gerador de empregos.

Andrade lembra que, na década de 90, a redução do espaço ocupado pelo Estado na economia era prioridade. E por determinação da lei que criou o Programa Nacional de Desestatização (PND), o banco foi o grande agente. Mas como isso deixou de ser prioridade no governo Lula, as áreas relacionadas à desestatização foram extintas. No modelo de Estado pós-privatização, diz ele, a prioridade é alavancar investimentos em infra-estrutura, que representam gargalos para a economia e para as exportações.

Andrade informa ainda que o BNDES vai apoiar investimentos privados que gerem empregos: de 2000 a 2004, aumentou em 23% a geração líquida de emprego no conjunto das empresas financiadas pelo BNDES, acrescentou.