Título: UM PRÉDIO, DA DÉCADA DE 40, SEM MANUTENÇÃO
Autor: Ana Claudia Costa e Célia Costa
Fonte: O Globo, 26/09/2005, Rio, p. 10

O COFRE DE ONDE O DINHEIRO FOI LEVADO TEVE A SEGURANÇA REFORÇADA

Se no dia do roubo dos cerca de R$2 milhões apreendidos na Operação Caravelas a porta da Delegacia de Repressão a Entorpecentes estava aberta, agora a sala do prédio da Polícia Federal, na Praça Mauá, tem cadeado. O cofre de onde o dinheiro foi levado também teve a segurança reforçada. Uma equipe do programa ¿Fantástico¿, da TV Globo, teve acesso à área enquanto fazia uma reportagem sobre o precário estado de conservação do edifício, que tem 30% de sua área interditada. A Polícia Federal destinou R$45 milhões à reforma do imóvel, construído na década de 40 para abrigar a Imprensa Nacional.

O trecho percorrido pelos ladrões tem cerca de 30 metros. Após passar pela primeira porta, eles arrombaram outra, que dá acesso à delegacia. O passo seguinte foi arrombar e revistar o gabinete do delegado. Depois, os bandidos entraram em outra sala e levaram R$2 mil, que pertencia a um agente. Na porta, ainda se vêem marcas deixadas pela perícia ao retirar as impressões digitais. No escritório do escrivão-chefe, para onde os ladrões seguiram, foi arrombado o armário onde estava a chave do cofre, que fica no fim do corredor. Uma pistola 9 milímetros foi levada durante a ação. Não há câmeras de segurança no local.

O presidente do Sindicato de Servidores da Polícia Federal, Cláudio Alencar, disse ao ¿Fantástico¿ que o roubo poderia ter sido evitado:

¿ Infelizmente, era previsível. Quando se espera de uma instituição muito mais do que ela está preparada para oferecer, fatalmente vai ocorrer um problema.

O estado de conservação do prédio é crítico. O passeio pelas dependências foi guiado pelo administrador do prédio, Wilson Ferretti Magalhães. Há fios expostos em caixas de luz abertas, manchas de infiltração que comprometem a estrutura do teto e banheiros sem sanitários. A caminho da torre do relógio, os repórteres flagraram um varal com roupas estendidas. Além da caixa d¿água, que ameaça estourar, a falta de manutenção atingiu também as máquinas de alguns elevadores, parados há 20 anos. Em vários corredores, as paredes estão sem reboco. Segundo o administrador, há risco de desabamento.