Título: Lula assume tarefa de recompor base aliada após eleições
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 04/11/2004, O país, p. 3
Para tentar amenizar o clima de derrota e disputa das eleições municipais que atingiu a base aliada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai, pessoalmente, fazer um afago nos líderes governistas semana que vem. O encontro com líderes partidários na Câmara deverá ocorrer na segunda ou na terça-feira e está sendo negociado pelo presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e pelo ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo.
Depois, Lula pretende se reunir com os líderes no Senado e com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP). Em relação aos prefeitos, Lula reiterou, segundo o porta-voz André Singer, que "terá imenso prazer de se encontrar com todos os eleitos".
A reunião com os líderes governistas faz parte da operação iniciada ontem por Lula para a recomposição da base. O presidente está preocupado em aparar as arestas das eleições, principalmente com PPS e PMDB, que ameaçam fazer oposição ao governo.
Ao fazer um balanço das eleições e seu reflexo na administração, na reunião da coordenação, Lula reiterou a avaliação de que não houve um julgamento do seu governo nas eleições municipais e que as derrotas do PT tiveram diferentes motivos. O presidente e o ministro fizeram uma análise mais demorada dos casos de São Paulo, onde Marta Suplicy (PT) perdeu para José Serra (PSDB), e de Porto Alegre, onde a derrota de Raul Pont pôs fim a um ciclo de 16 anos de administrações petistas ao perder para José Fogaça (PPS).
No caso de São Paulo, concordaram que, além de Marta não conseguir capitalizar os bons resultados de seu governo, a dificuldade de diálogo com a classe média e a chapa puro-sangue pesaram no resultado. Em Porto Alegre, a avaliação foi de que houve brigas internas e o desgaste natural.