Título: PRESSÃO SOBRE A ARGENTINA
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 23/09/2005, Economia, p. 24

WASHINGTON e BUENOS AIRES. A América Latina, que costumava se destacar como protagonista nas reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), devido às suas freqüentes crises, desta vez passou a figurante. A região, agora, preocupa menos. Com uma única exceção: a Argentina. Tanto o diretor-gerente do FMI, Rodrigo de Rato, quanto o presidente do Bird, Paul Wolfowitz, se referiram ontem ao vizinho do Brasil sobre a necessidade de o governo argentino ter um programa econômico monitorado pelo Fundo. Rato procurou ser diplomático:

- Um acordo vai depender da disposição do governo. Se ele achar que é útil ter um acordo, um programa financeiro conosco, é claro que estaremos prontos a discutir isso.

Wolfowitz, no entanto, foi taxativo. Ele deixou claro que, enquanto a Argentina não tiver um programa monitorado pelo FMI, o Bird não vai fazer novos empréstimos:

- Isso tornaria possível que o Bird desembolsasse mais para o país.

Ontem, na Argentina, foram divulgados os dados de pobreza do país. No primeiro semestre deste ano, a taxa caiu para 38,5%, levemente abaixo dos 40,2% atingidos no mesmo período de 2004, segundo o Indec (o IBGE argentino). Isso significa que atualmente quase 9 milhões, de um total de 37 milhões de argentinos, vivem abaixo da linha da pobreza. No mesmo período, a taxa de indigência caiu de 15% para 13,6%, ou seja, dos 9 milhões de pobres, 5,5 milhões de pessoas não têm condições de satisfazer suas necessidades básicas de alimentação.