Título: FUNDO E BIRD DISCUTEM REVISÃO DE COTAS
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 23/09/2005, Economia, p. 24

WASHINGTON. Dois temas de grande interesse para o Brasil serão discutidos nesta reunião anual conjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial (Bird), que prosseguirá até domingo. Um deles é uma revisão das cotas dessas instituições, de forma a dar maior representação - e poder de voto - aos países em desenvolvimento nas decisões fundamentais de ambas as casas. O outro é o "Instrumento de Apoio à Política", um programa de apoio aos países que não queiram ou, como o Brasil, já não necessitem de auxílio financeiro do FMI.

O diretor-gerente do Fundo, Rodrigo de Rato, disse ontem que a efetividade dessa instituição depende de sua legitimidade. E, para que ela seja legítima, é necessário que o poder de voto - e de influência - de um país nas decisões tomadas no Fundo reflitam o tamanho de sua economia.

- E isso demanda, em particular, um aumento do poder de voto de algumas economias do mercado emergente - disse ele, acrescentando que há uma grande chance de se decidir sobre isso em breve.

Rato quer reação a ricos que desprezam conselhos do FMI

Em abril, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, que chega hoje a Washington para participar da discussão, havia sido incisivo a respeito disso, em discurso feito no FMI. Ele disse que o atual sistema de cotas do Fundo é "uma discriminação contra os países em desenvolvimento". Palocci lembrou que para um certo número de nações do mercado emergente "as cotas são hoje desproporcionais à sua maior importância na economia mundial". Segundo ele, está na hora de "corrigir essa distorção".

Num documento que será discutido agora por ministros dos 184 países que fazem parte do FMI, Rodrigo de Rato diz que dar mais voz e representação a países como o Brasil é parte essencial de uma revisão interna do Fundo.

Além disso, ele está propondo uma ação mais dura dos economistas da casa em relação aos países ricos que desprezam os conselhos do Fundo. Ele sugere que, além de continuar a identificar as melhores políticas a serem aplicadas por esses países, os fiscais do FMI informem à sua direção "as razões pelas quais os conselhos do Fundo não são aceitos por eles".