Título: PRESIDENTE DO BANCO MUNDIAL PROMETE COMBATER CORRUPÇÃO DE RICOS E POBRES
Autor: José Meirelles Passos
Fonte: O Globo, 23/09/2005, Economia, p. 24

WASHINGTON. O novo presidente do Banco Mundial (Bird), Paul Wolfowitz, disse ontem que pretende fortalecer ainda mais essa instituição "e não virá-la de cabeça para baixo". E deixou claro que vai levar adiante a missão de seu antecessor, James Wolfensohn, que comandou o banco nos últimos dez anos: o combate à corrupção. Isso, garantiu Wolfowitz, será prioridade do Bird. E daqui por diante, essa campanha será mais incisiva. Além de caçar os corruptos nos países em desenvolvimento, ele pretende também atacar os corruptores, que estão geralmente nos países ricos.

- Para cada pessoa que é subornada num país em desenvolvimento, há alguém que suborna, e esse alguém freqüentemente é de um país desenvolvido. Essa gente precisa ser responsabilizada - disse Wolfowitz em sua primeira entrevista coletiva na reunião anual de Fundo Monetário Internacional (FMI) e Bird.

Para ele, o tema corrupção tem de ser mantido na agenda do desenvolvimento e precisa ser encarado como prioridade por todos, ricos e pobres.

- Esse assunto, como disse Wolfensohn, já deveria fazer parte da nossa agenda há muito tempo, antes que se transformasse num câncer. É um problema muito difícil de se resolver, e vai exigir muito tempo, mas é uma alta prioridade para o Bird - afirmou Wolfensohn, acrescentando que detalhes sobre o assunto serão discutidos até domingo com os ministros de Economia de todo o mundo, em Washington.

América Latina não ficará de lado, garante Wolfowitz

Comércio, saúde, educação e alívio da dívida serão os demais temas do Bird nessa reunião. Wolfensohn disse ainda que, embora a África tenha passado a ser a "primeira prioridade" do banco, a América Latina e outras regiões em desenvolvimento não ficarão de lado.

- A África é a nossa primeira prioridade, mas certamente não a única. Essa é uma instituição global. Na verdade, 70% das pessoas que vivem em pobreza extrema residem em outras partes do mundo em desenvolvimento, incluindo aí alguns dos países que colocamos na lista de emergentes bem-sucedidos - disse ele, numa alusão ao Brasil. - Acho que a África pode estar entrando numa nova era e se transformar no Continente da Esperança.

Hoje, na reunião de FMI e Bird, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) assina um contrato com o BNDES, que prevê US$1 bilhão para o financiamento de micro, pequenas e médias empresas.