Título: ELEIÇÃO AGRAVA O RACHA NO SEMPRE DIVIDIDO PMDB
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 29/09/2005, O País, p. 10

Ao desistir de sua candidatura, Michel Temer acusa Renan de traição e também não poupa críticas a Sarney

BRASÍLIA. Os duros ataques feitos pelo deputado Michel Temer (PMDB-SP) ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ontem da tribuna da Câmara, tornaram mais agudas a disputa de poder no PMDB e as divergências entre os grupos governista e oposicionista do partido. Temer renunciou à candidatura para a presidência da Câmara com um discurso em que acusou Renan de traição, por incentivá-lo a concorrer e simultaneamente trabalhar pelo candidato do governo, Aldo Rebelo (PCdoB-AL).

As críticas não incomodaram Renan, que não respondeu e passou o dia no gabinete articulando o apoio a Aldo no segundo turno. Temer, ao desistir, pediu os votos do PMDB para José Thomaz Nonô (PFL-AL). O deputado disse que foi lançado com unanimidade pela bancada e também não poupou o senador José Sarney (PMDB-AP):

¿ Fui convocado por lideranças partidárias, uma delas de grande significação institucional, que me instaram, convocaram-me para que eu fosse candidato, ao fundamento de que o PMDB estaria unido em torno do meu nome, bem como outros partidos. Eu almoçava, então, com o presidente do Senado Federal, senador Renan Calheiros. Sua Excelência me colocou ao telefone com o eminente presidente José Sarney, esse estadista que prestou um serviço extraordinário ao país, e confio em sua palavra, e me disse que o ideal seria ir até o fim.

Sarney reafirmou que desejava a candidatura de Temer e disse não acreditar que Renan tenha cometido uma traição.

Renan chegou a consultar Lula e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, sobre a viabilidade do apoio a Temer. Lula não fez oposição, mas mostrou que não gostaria de ver Temer no comando da Câmara e do partido. Palocci teria vetado a candidatura. A partir dali, Renan passou a trabalhar por Aldo