Título: CPI REFAZ AGENDA PARA DAR IMPULSO A INVESTIGAÇÕES
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Fonte: O Globo, 29/09/2005, O País, p. 11

Doleiros envolvidos em operações suspeitas serão ouvidos de novo

BRASÍLIA. Na tentativa de dar impulso às investigações, a direção da CPI dos Correios acertou ontem uma nova agenda de depoimentos com os doleiros envolvidos em operações financeiras sob suspeita. O primeiro a ser ouvido, na próxima quarta-feira, é o doleiro Dário Messer, que teria feito operações para o PT depois das eleições de 2002.

Messer foi apontado pelo doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho da Barcelona, em depoimento na CPI, como o responsável por negociar cerca de R$7 milhões para o partido em 2003. Segundo Barcelona, o dinheiro iria para a corretora Bônus Banval, que repassava os recursos ao PT através do empresário Marcos Valério. A comissão pretende ainda ouvir os doleiros Haroldo Bicalho, Jader Kalid Antonio e Najum Turner.

Os dois primeiros atuam em Minas e estariam envolvidos nas transações de Valério para remeter recursos à conta da Dusseldorf, empresa do publicitário Duda Mendonça, no BankBoston em Miami. Turner também foi acusado por Barcelona de ter participado de uma operação para remeter R$8 milhões ao PP. O dinheiro, segundo o doleiro, fazia parte de uma operação para que o partido apoiasse o governo. Barcelona cumpre 25 anos de prisão, condenado por evasão fiscal e lavagem de dinheiro, e teria ouvido a história de Turner na cadeia.

Objetivo é dar mais agilidade à CPI

Incomodados com a demora nas investigações das contas no exterior, os integrantes da CPI pretendem dar mais agilidade à apuração das operações feitas com bancos internacionais.

¿ Isso vai servir para que nós abreviemos as investigações no exterior ¿ disse o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS).

Já investigado pela comissão por ter gravado o então funcionário dos Correios Maurício Marinho recebendo propina, o empresário Arthur Washeck pode voltar à CPI. Foram encontrados quatro depósitos, no total de R$25 mil, supostamente feitos por ele em contas do então tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Os dois primeiros são de janeiro e maio de 2003 e os outros de maio deste ano. Os técnicos da comissão ainda checam a autenticidade dos depósitos, porque desconfiam que a informação possa ter sido gerada por um erro na base de dados referentes à quebra do sigilo bancário de Washeck e Delúbio.

Washeck foi o responsável pela gravação que flagrou Maurício Marinho recebendo R$3 mil de propina em nome do PTB e detonou o escândalo que provocou a instalação da CPI dos Correios. O empresário admitiu, em depoimento à CPI, que decidiu fazer a gravação por se sentir prejudicado por Marinho nas licitações realizadas na estatal. O Tribunal de Contas da União investiga os contratos firmados entre os Correios e empresas representadas pelo empresário.