Título: CONSTRANGIMENTO, GALERIAS VAZIAS E DESMAIOS
Autor:
Fonte: O Globo, 29/09/2005, O País, p. 9

Disputa foi muito diferente da votação de fevereiro; telões montados no Salão Verde tiveram baixa audiência

BRASÍLIA. A eleição de ontem foi muito diferente da votação que consagrou Severino Cavalcanti (PP-PE) em fevereiro. Em vez de euforia, um certo constrangimento na disputa por um cargo vago há uma semana, com a renúncia de Severino sob suspeita de corrupção. Embora tenham sido distribuídas 200 senhas para os partidos darem a filiados e simpatizantes, as galerias do plenário ficaram vazias. As 25 cadeiras reservadas na lateral do plenário para parentes dos candidatos também estavam vagas: somente Ika Fleury, mulher de Fleury Filho (PTB-SP), ocupava uma delas.

Dois telões foram montados no Salão Verde, mas a audiência manteve-se baixa durante a sessão. Esta também não foi uma eleição marcada pela presença em Brasília de caciques da política nacional. Michel Temer, antes de renunciar, chegou a receber um telefonema de boa sorte do ex-presidente Itamar Franco.

Disputa para ajudar deputado a votar

No fim da votação em primeiro turno, o deputado Wellington Fagundes (PL-MT) virou atração no plenário. Com a perna direita engessada, Fagundes chegou para votar em uma cadeira de rodas e deputados de vários partidos disputaram o privilégio de conduzi-lo à cabine de votações. Pauderney Avelino (PFL-AM) saiu na frente e ainda brincou que estava fazendo transporte de eleitor ¿ uma prática condenada pela legislação eleitoral. Fagundes foi atingido por um touro num rodeio no interior de Mato Grosso.

O deputado tucano Mendes Thame (SP) também chegou para votar de cadeira de rodas e recebendo soro. Por volta de 12h30m, Thame teve uma queda de pressão, desmaiou no plenário e foi amparado pelos colegas. Levado ao serviço médico, só pôde votar por volta de 14h30m, depois de autorizado pela Mesa, acompanhado de um cardiologista e um enfermeiro.