Título: BANCÁRIOS PARAM POR 24 HORAS NO PAÍS E PREPARAM GREVE GERAL NO DIA 6
Autor: Vagner Ricardo
Fonte: O Globo, 29/09/2005, Economia, p. 22

Categoria pediu reajuste de 11,77% e banqueiros ofereceram 4%

Os bancários fizeram ontem greve de 24 horas em todo o país em protesto contra a proposta de reajuste salarial apresentada pelos banqueiros. A mobilização atingiu 19 estados e o Distrito Federal, segundo a Confederação Nacional dos Bancários (CNB), ligada à CUT. Segundo a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), o braço sindical da Febraban, apenas 3% das 17,5 mil agências do país tiveram problemas com a greve. No município do Rio, o Sindicato dos Bancários afirmou que cerca de 70% das agências não abriram as portas. Os trabalhadores do Rio continuam de braços cruzados hoje, ampliando a greve por 48 horas.

No sábado, bancários de todo o país participarão de um encontro em São Paulo, para votar em assembléia a proposta de greve geral a partir do dia 6.

¿ A greve de hoje (ontem) atingiu seu objetivo de paralisar as agências das regiões metropolitanas, de dar visibilidade à mobilização e demonstrar a adesão da categoria ¿ disse o presidente da CNB, Vagner Freitas.

Bancos recorreram à Justiça para abrir agências

Na terça-feira à noite, os bancários fizeram assembléias em todo o país e decidiram rejeitar a proposta de reajuste dos bancos. Os banqueiros acenaram com reajuste de 4%, abono de mil reais e participação nos lucros, mas querem retirar a 13ª cesta-alimentação. Já os trabalhadores pedem correção salarial de 11,77%, pagamento do 14º salário, gatilho salarial toda vez que a inflação acumulada alcançar 3% e a 13ª cesta-alimentação, no valor de R$782,39. A categoria também propõe a ampliação do horário de atendimento ao público para das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho.

De acordo com Freitas, a proposta dos bancos está longe de atender às principais reivindicações da categoria. Para ele, a greve geral deverá ser a resposta à ¿intransigência dos banqueiros¿. O superintendente de Relações de Trabalho da Fenaban, Magnus Ribas Apostólico, lamentou a radicalização do movimento e disse que a entidade continua à espera de uma nova contraproposta para avaliá-la.

No Rio, o Sindicato dos Bancários classificou a paralisação como um sucesso. A Fenaban reconheceu que o Rio foi o estado em que a greve teve maior adesão no país, afetando 6% das agências na região metropolitana. Mas assinalou que a paralisação ficou mais concentrada no Centro do Rio. Até porque vários bancos, como Bradesco, Itaú e Unibanco, recorreram à Justiça para abrir suas agências em todo o país, minando assim a mobilização de advertência.