Título: VENDA DA VARIGLOG, AGORA, DEPENDE DE PERÍCIA
Autor: Erica Ribeiro e Geralda Doca
Fonte: O Globo, 29/09/2005, Economia, p. 24

Justiça contrata consultoria para decidir sobre operação. Governo voltará a discutir déficits da companhia aérea

RIO e BRASÍLIA. Uma perícia judicial vai verificar se a venda da VarigLog, subsidiária da Varig, é realmente necessária para que o plano de recuperação da companhia aérea dê certo. A decisão foi tomada pelos juízes Luiz Roberto Ayoub e Márcia Cunha, da comissão de magistrados do Tribunal de Justiça do Rio, responsável pelo processo. Eles designaram a empresa de consultoria Deloitte Touche Tohmatsu para o trabalho.

A Varig sustenta que a venda da VarigLog é essencial para fazer caixa e manter a companhia funcionando. O assunto será discutido pelo Comitê de Credores, que se reúne em primeira convocação no dia 13 de outubro para eleger o representante dos trabalhadores. Além disso, emitirão as primeiras impressões sobre o plano.

O comando da Varig havia assinado com fundo de investimentos americano Matlin Patterson uma proposta de venda da VarigLog por US$103 milhões. Mas o prazo expirou no último dia 22. O presidente do Conselho de Administração da Varig, David Zylbersztajn, informou, que está renegociando com o fundo a renovação do prazo do acordo. Segundo ele, não há outra proposta oficial.

Ontem, O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, estiveram reunidos com o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Sérgio Cavalieri, e o juiz titular da 8ª Vara Empresarial, Alexander Macedo. De acordo com a juíza Márcia Cunha, que também participou do encontro, ontem foi o início das conversas com o governo sobre os déficits fiscal e previdenciário da Varig.

¿ O governo ficou de voltar a estudar a situação da companhia¿ afirmou a juíza.

A Varig tenta desesperadamente obter capital de curtíssimo prazo. Uma das alternativas é convencer o Banco do Brasil a reabrir o crédito sob a forma de antecipação de recebíveis (venda de bilhetes pelo cartão de crédito). Segundo um integrante do governo envolvido com a negociações, esse teria sido o tema da reunião.

O BB suspendeu o crédito à companhia logo depois do anúncio de que a Varig entraria com pedido de recuperação judicial. Ao todo, a empresa deve ao banco, que faz parte do Comitê de Credores, R$132 milhões. Como o BB é subordinado à Fazenda, Palocci poderia autorizar o empréstimo, que tem como garantias as passagens vendidas.

Na saída da reunião, o ministro Palocci limitou-se fez um comentário lacônico sobre avanço nas negociações:

¿ Sempre há (avanço).

Os dois principais executivos da Varig, Zylbersztajn e Omar Carneiro da Cunha, presidente da empresa, não participaram do encontro. Zylbersztajn disse que a direção da Varig achou conveniente não participar, já que o encontro fora agendado pelo TJ do Rio.

Zylbersztajn esteve ontem com o presidente do BNDES, Guido Mantega, para apresentar o plano de recuperação. O banco não se pronunciou.

¿ Apresentamos o plano e os próximos passos. Não fomos pedir dinheiro. É importante o banco saber o que está sendo feito para, no futuro, decidir sobre uma possível participação na Varig ¿ disse Zylbersztajn.

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