Título: BRASIL E CHINA NEGOCIAM SALVAGUARDAS
Autor:
Fonte: O Globo, 29/09/2005, Economia, p. 24

Furlan encontra hoje ministro chinês e tem pela frente negociação difícil

PEQUIM. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, chegou ontem à China para fechar com o governo local um acordo de restrição voluntária das exportações chinesas para o Brasil, especialmente em setores mais atingidos pelas vendas daquele país. No entanto, as negociações prometem ser mais complicadas do que se espera.

Furlan se encontra hoje de manhã com o ministro do Comércio da China, Bo Xilai. De acordo com fontes ligadas à missão, os representantes chineses não aceitaram a contraproposta brasileira à sugestão de restrições feita pelos chineses. E nem entre as empresas brasileiras que mantêm negócios com a China há consenso sobre a extensão da alardeada inundação de produtos chineses no mercado nacional.

Dados do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) distribuídos na semana passada mostram, por exemplo, que o aumento das exportações da China para o Brasil, em muitos setores, foi acompanhado da redução das importações de outros países, numa clara demonstração de troca de fornecedores entre as empresas brasileiras.

¿ Segundo o próprio governo, a importação de têxteis chineses, de janeiro a julho deste ano, cresceu 41%. Mas a importação total de têxteis subiu apenas 5,2%. Pelo visto, houve uma mudança de fornecedores e não uma invasão de têxteis chineses ¿ diz uma fonte ligada à visita oficial.

Outro ponto em discussão será o andamento dos acordos entre os dois países. Vários não avançaram, muitas vezes, por culpa do Brasil.

¿ O Ministério da Agricultura, por exemplo, deveria ter respondido aos pedidos de aval solicitados pela China sobre frigoríficos brasileiros, o que não aconteceu até agora ¿ diz a fonte. (Gilberto Scofield Jr.)