Título: RENAN: NOME DE TEMER NÃO EMPLACOU
Autor: Cristiane Jungblut e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 27/09/2005, O País, p. 4

Senador diz que candidatura do colega de partido não é problema seu

BRASÍLIA. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), lavou as mãos sobre o futuro da candidatura do deputado Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara. Depois de ser criticado por companheiros de partido, por petistas e pela oposição por articular com o Planalto o nome do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para a sucessão na Casa, Renan disse ontem que trabalhou para viabilizar Temer na disputa, mas não obteve a resposta esperada:

¿ Não foi por falta de trabalho. Conversei com setores do PFL, do PSDB, do PT, mas não ampliou, infelizmente. Se a candidatura (de Temer) é para qualquer hipótese, se vai ser levada a ferro e a fogo, não é problema meu. Uma candidatura tem que ser uma construção coletiva. Ninguém melhor que o Michel para presidir a Câmara, mas a circunstância política tem que ser levada em consideração.

Renan defendeu a eleição de um candidato com ¿perfil institucional¿ para enfrentar o que chamou de momento dramático por que passam o país e a Casa. Ele citou os nomes dos concorrentes que teriam condições para assumir esse papel: Temer, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Francisco Dornelles (PP-RJ) e José Thomaz Nonô (PFL-AL). Ontem à tarde, o senador falou com outro concorrente, Ciro Nogueira (PP-PI).

O presidente do Senado negou que tenha interferido na disputa da Câmara e disse que acompanha o processo com os olhos de presidente do Congresso, que reúne as duas Casas. Ele considerou saudável o grande número de concorrentes ao cargo:

¿ É legítimo e democrático.

Renan disse que o PMDB não deve fazer um acordo com os outros partidos para derrubar Aldo Rebelo. Ainda que de forma indireta, ele disse acreditar numa vitória da tendência governista no PMDB, que apoiaria Aldo, caso Temer decida não disputar:

¿ O PMDB tem uma tendência mais ou menos definida. Claro que vai depender das circunstâncias, se vai ter ou não candidato, mas há uma correlação dentro do partido que todos conhecem, não é segredo para ninguém.