Título: AS `CIRETES¿ DO CORREGEDOR-CANDIDATO
Autor: Evandro Éboli e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 27/09/2005, O País, p. 8

Ciro usa até modelos para pedir votos e é advertido

BRASÍLIA. Num clima eleitoral para lá de confuso, logo o corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), candidato a presidir a Casa no lugar de seu padrinho Severino Cavalcanti, contratou 50 moças numa agência de modelos para pedir votos aos deputados dentro da Câmara. Ciro também encomendou adesivos de lapelas e panfletos.

A desobediência de Ciro ao acordo por uma campanha austera deixou adversários irritados com a presença das mulheres, logo chamadas de ¿ciretes¿:

¿ Não foi esse o acordo feito semana passada ¿ disse Michel Temer (SP), candidato do PMDB, que pedia ele próprio votos aos colegas.

Cada uma das 50 garotas recebeu R$60 pelo dia de trabalho para Ciro. Mas o presidente interino da Câmara, José Thomaz Nonô (PFL-AL), também candidato, avisou cedo a Ciro que apenas funcionários da Casa poderiam distribuir panfletos. As modelos, então limitaram-se a circular pela Câmara com camisetas com o nome do candidato e seu slogan. Ciro, integrante da Mesa Diretora, reagiu com surpresa, alegando não saber que isso estava proibido.

¿ Eu não sabia que não podia. Contratei as garotas para levar uma mensagem aos parlamentares. Nós entramos para ganhar ¿ disse o candidato, que mudou a estratégia e vai deixar as garotas, hoje e amanhã, recepcionando os deputados no aeroporto de Brasília.

Já o candidato do PTB, Luiz Antonio Fleury Filho (SP), fez adesivos de lapela e distribuiu pessoalmente panfletos com sua foto e plataforma. Outros candidatos preferiram métodos mais discretos. Disputando dentro do próprio partido com Ciro, Francisco Dornelles (PP-RJ) mandou fax aos deputados.