Título: DELEGADO: APENAS FEDERAIS PARTICIPARAM DE FURTO
Autor: Célia Costa e Cristiane de Cássia
Fonte: O Globo, 27/09/2005, Rio, p. 19

Superintendente da PF assume as investigações sobre os R$2 milhões que foram levados de cofre na DRE

O superintendente da Polícia Federal do Rio, delegado José Milton Rodrigues, informou ontem que o furto de R$2 milhões do cofre da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), na sede da PF, na Praça Mauá, foi cometido apenas por policiais federais. José Milton, que estava na Alemanha, assumiu ontem o comando das investigações e se reuniu com os responsáveis pela apuração do furto. Ele disse que indícios de outros crimes que surgirem serão objeto de inquéritos exclusivos.

Segundo informações da Corregedoria da PF divulgadas sábado no ¿RJ-TV¿, da Rede Globo, um policial civil, um agente federal e um outro homem que estaria foragido em Minas Gerais seriam responsáveis pelo furto dos R$2 milhões. Os três teriam cometido um homicídio em maio do ano passado na Barra da Tijuca. Diante disso, a Corregedoria da Polícia Civil anunciou que vai investigar o possível envolvimento, nos dois crimes, do policial civil, que seria irmão de um agente federal. Os suspeitos seriam ainda responsáveis por uma tentativa de homicídio contra um policial rodoviário federal em Duque de Caxias.

Ontem, o corregedor da Polícia Civil, Paulo Passos, solicitou às delegacias da Barra e de Caxias os inquéritos sobre os crimes mencionados para iniciar a investigação. Até a tarde, porém, apenas o inquérito da 16ª DP (Barra), sobre a morte do empresário João Dirceu Lacerda, tinha sido encontrado.

As investigações da 16ª DP apontam apenas um suspeito, que seria um ex-advogado da vítima. No entanto, nada foi oficialmente provado contra ele. Segundo Paulo Passos, não há menção no inquérito à participação de algum policial ou de qualquer outro suspeito no caso.

Perguntado sobre a informação de que a Polícia Federal em Brasília estaria periciando imagens gravadas pelo circuito interno de TV do Shopping Jóia, na Barra, em cuja saída o homicídio foi cometido, o corregedor Paulo Passos negou que o inquérito da delegacia da Barra citasse a apreensão de fitas.

Ontem, a família da vítima foi procurada para falar sobre o caso, mas não foi localizada. A viúva do empresário e seus filhos se mudaram do condomínio onde moravam, na Barra. A viúva de João Dirceu também não esteve ontem no Shopping Jóia, que continua sendo administrado pela família.

O corregedor Paulo Passos pretende conversar ainda hoje com o corregedor da Polícia Federal, Victor Poubel, para obter mais informações sobre as suspeitas levantadas contra o suposto policial civil.

Enquanto isso, a DRE está passando por uma rigorosa correição. Quinze policiais federais de Brasília estão inspecionando todos os inquéritos dos últimos anos que estão na delegacia. Os agentes verificam ainda autos de buscas e outros documentos. Eles querem saber, por exemplo, se o que foi apreendido numa operação corresponde ao que está no inquérito.