Título: Governo vai revisar projeções para o saldo comercial, anuncia Furlan
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 27/09/2005, Economia, p. 22

Exportadores reclamam do real sobrevalorizado. Importações crescem

WASHINGTON e BRASÍLIA. O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, disse ontem que vai anunciar, na próxima segunda-feira, uma nova meta para as exportações em 2005. Inicialmente, as projeções do governo eram de que o país venderia US$112 bilhões ao exterior este ano, mas será batida antes do prazo, em razão do bom desempenho do comércio exterior.

Até a quarta semana de setembro, segundo dados divulgados ontem pelo ministério, as exportações somaram US$84,424 bilhões. Com isso, a meta de 2005 seria superada se no último trimestre as vendas externas alcançassem US$27 bilhões. Desde julho, as exportações estão acima de US$11 bilhões ao mês. Já o objetivo oficial para o saldo comercial é de US$38 bilhões ¿ e também deverá ser revisto. O mercado, por exemplo, já aposta em pelo menos US$40 bilhões.

Importações atingem maior volume diário do ano

Números como esses fazem o ministro discordar da visão pessimista dos exportadores, para os quais a valorização do real está prejudicando o comércio externo brasileiro. Para Furlan, as exportações continuarão crescendo em 2006.

¿ Aprendi com o Banco Central: faço previsões conservadoras no início do ano e depois refaço. Até ano que vem dobraremos a participação das exportações no PIB, passando de 14% ou 15% na década de 90 para 30% em 2006 ¿ disse o ministro, que ontem participou da conferência Brasil Econômico 2005, em Washington.

Mas o baixo preço dos importados, devido à valorização do real, fez as compras externas atingirem, na quarta semana de setembro, a maior média diária do ano: US$340,6 milhões. Especialistas temem que isso afete a balança comercial, mas o Ministério do Desenvolvimento acha que não haverá desequilíbrio. As exportações, argumenta, cresceram 22,6% em relação a setembro de 2004, enquanto as importações subiram 9,5%. Em setembro, as exportações superaram as importações em US$3,541 bilhões. No ano, o superávit chega a US$31,889 bilhões, contra US$24,843 bilhões no mesmo período de 2004.

Para os exportadores, a queda do dólar significa aumento de custos. Por isso, o presidente da Ford na América do Sul, Antonio Maciel, acha que as vendas de manufaturados ao mercado externo diminuirão nos próximos meses. Furlan, em contrapartida, diz que os empresários estão conseguindo achar novos nichos e aumentar a competitividade mesmo com a apreciação do real.

(*) Enviada especial

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