Título: Deputado Alessandro Calazans será investigado pela corregedoria da Alerj
Autor: Carla Rocha
Fonte: O Globo, 04/11/2004, Rio, p. 17

No primeiro útil após a divulgação pela revista ¿Veja¿ de uma gravação envolvendo o deputado estadual Alessandro Calazans (PV) no escândalo da Loterj, a Mesa Diretora da Assembléia Legislativa do Rio decidiu abrir ontem uma investigação na corregedoria da Casa sobre o parlamentar, que deverá ser concluída até o dia 22 deste mês. A decisão foi recebida com reservas pela oposição, que tentou em vão um acordo para acelerar o andamento de um projeto de lei para criar um Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

O presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), alegou que havia açodamento no debate sobre a criação do conselho:

¿ Seria um ato arbitrário similar à criação do Conselho de Segurança na ditadura.

Depois da decisão de que a própria corregedoria investigaria Calazans, o corregedor Leandro Sampaio (PMDB) anunciou que hoje vai à sede da ¿Veja¿, em São Paulo, e da Polícia Federal, em Brasília, para tentar obter cópias das fitas. Ele será acompanhado pelas deputadas Heloneida Studart (PT) e Graça Matos (PMDB), que, com José Távora (PMDB), fazem parte da comissão formada para atuar no caso.

Picciani criticou a Câmara dos Deputados e o Senado, que não teriam investigado as denúncias quando elas surgiram, no início deste ano. Na época, vazou o conteúdo de uma fita de vídeo em que Waldomiro Diniz, ex-presidente da Loterj e então assessor do Planalto, teria pedido propina ao empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Picciani irritou-se ao ser perguntado se o relatório da CPI da Loterj, aprovado às pressas na semana passada, não estaria sob suspeita:

¿ Sob suspeita está o senhor Cachoeira. Chegamos a um relatório isento, duro e único, porque o Senado não conseguiu investigar o Waldomiro e o Cachoeira e a Câmara também não ¿ disse ele, acrescentando ainda que a Alerj terá cautela por estar lidando com bandidos.

Segundo ¿Veja¿, Calazans teria recebido um intermediário de Cachoeira para discutir a distribuição de R$ 1,5 milhão. A reportagem disse que o deputado usou a palavra ¿andorinha¿ para se referir a dinheiro.

Em Brasília, a Comissão de Sindicância da Câmara de Deputados se reúne hoje para ouvir as fitas do encontro em que o deputado federal André Luiz (PMDB) teria tentado extorquir R$ 4 milhões de Cachoeira. O corregedor da Câmara, Luiz Piauhylino, disse que a comissão tem 40 dias para concluir se houve tentativa de extorsão.