Título: NO PMDB, GUERRA ENTRE GOVERNISTAS E OPOSICIONISTAS
Autor: Maria Lima
Fonte: O Globo, 28/09/2005, O País, p. 9

`As condições políticas me levaram a isso e não posso recuar¿, diz Temer

BRASÍLIA. A disputa pela presidência da Câmara tem um significado especial para o presidente do PMDB, Michel Temer (SP). Ao registrar sua candidatura ontem, mais do que disputar o comando da Câmara, Temer entrou na briga para enfrentar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), numa batalha em que o que está em jogo é o controle do PMDB. Temer e seus aliados chegaram à conclusão que, para manter a direção do PMDB, será preciso derrotar o candidato do governo, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-AL), no segundo turno.

Para enfrentar a ala governista do PMDB comandada por Renan, Temer precisa ter pelo menos 70 votos no primeiro turno, o que revelaria que a maioria dos 87 deputados do partido está ao seu lado. Mas se Temer tiver uma votação abaixo de 50 votos, seus dias na presidência do PMDB estão contados.

¿ Minha candidatura foi registrada e vou me submeter ao voto do plenário. As condições políticas me levaram a isso e não posso recuar ¿ disse Temer.

O presidente do PMDB foi o mais traído no processo eleitoral pela presidência da Câmara. Sua candidatura foi lançada após ser estimulada pelo PFL e pela oposição, que viram nele um nome capaz de derrotar o governo. Mas depois que seu nome foi lançado, num ato no Rio de Janeiro com a presença do ex-governador Anthony Garotinho, os partidos de oposição lhe viraram as costas.

Temer passou então a buscar viabilizar-se como o candidato de consenso do governo e seu nome chegou a ser discutido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, mas a bancada do PT rejeitou seu nome. A tentativa de aproximação com o governo minou de vez suas chances na oposição.

Os governistas do PMDB trabalhavam ontem com um placar de 45 votos para Aldo e 43 votos para Temer. Sendo que no segundo turno os votos de Temer se dividiriam, indo 23 votos para Aldo e 20 para José Thomaz Nonô (PFL).