Título: Renan critica Aldo por causa de reforma política
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 04/10/2005, O País, p. 8

Presidente do Senado também ataca o governo que, na opinião dele, `precisa colaborar para que as coisas andem¿

BRASÍLIA. Menos de uma semana depois de ajudar a eleger Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para o comando da Câmara, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), criticou ontem a falta de empenho do colega e do governo para viabilizar a aprovação de uma reforma política emergencial. Para Renan, é uma das saídas que restam ao Legislativo para recuperar a credibilidade de sua imagem junto à sociedade.

Para uma reforma política ter efeito nas eleições de 2006, o Congresso teria de aprovar uma emenda constitucional ¿ duas foram apresentadas, pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) e pelo deputado Ney Lopes (PFL-RN) ¿ prorrogando o prazo das mudanças, que se encerrou sexta-feira, para 31 de dezembro.

¿ Uma candidatura para governador hoje chega a custar R$40 milhões em estados pequenos. Não aprovar essas mudanças significa que vamos fazer novas investigações sobre caixa dois de campanha na próxima legislatura ¿ disse Renan.

Renan: ¿O governo precisa colaborar¿

Embora já tenha argumentado isso com Aldo, Renan lamenta que o novo presidente da Câmara não tenha se sensibilizado. Na sua opinião, os deputados poderiam ter aprovado a reforma emergencial na última semana, caso o governo tivesse envolvido os partidos de oposição nas discussões sobre o tema.

¿ O governo não tem maioria em nenhuma das duas Casas do Congresso. Por isso tem de envolver a oposição nas negociações de qualquer matéria. A eleição de Aldo é uma circunstância que não se repete a toda hora. O governo precisa colaborar para que as coisas andem ¿ disse o presidente do Senado.

Aldo Rebelo, cuidadoso para não parecer que está defendendo os interesses do seu partido, o PCdoB, na reforma política, reafirmou que a decisão é dos líderes da Câmara.

¿ Se os líderes quiserem aprovar para valer nas eleições do próximo ano, tudo bem. Se quiserem aprovar para as eleições subseqüentes, também não tem problema ¿ disse Aldo Rebelo, informando que será dada a tramitação normal à proposta do deputado Ney Lopes.

Sob tiroteio dentro do próprio partido, pela opção pela candidatura de Aldo em detrimento do nome de Michel Temer, Renan rebate as acusações de que teria negociado seu apoio ao governo na eleição para a Câmara para ser vice na chapa do presidente Lula no próximo ano.

¿ Votei muito mais no Aldo do que no governo. Seria melhor até que a candidatura dele não fosse a do governo ¿ afirmou Renan, acrescentando: ¿ Jamais serei vice de ninguém. Estão fazendo intriga para tentar me desgastar.

COLABOROU Isabel Braga