Título: GOVERNO ESPERA EXPORTAR US$117 BI
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 04/10/2005, Economia, p. 21

Ministério eleva em US$5 bi previsão de vendas externas para 2005. Saldo pode ser de US$42 bi

BRASÍLIA. Animado com o bom desempenho da balança comercial de setembro ¿ que registrou um superávit de US$4,329 bilhões ¿ o governo aumentou em US$5 bilhões sua projeção de exportações para 2005. A estimativa, anunciada ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, subiu de US$112 bilhões para US$117 bilhões. Ele acredita que, mantido o desempenho das vendas externas, o saldo (diferença entre exportações e importações) poderá chegar a US$42 bilhões. A projeção anterior era de US$38 bilhões.

¿ Em se alcançando a meta de exportações, provavelmente o superávit aumentará também. Mas tudo vai depender do comportamento das importações nos próximos dois meses, que é o período de formação de estoques para as vendas de fim de ano ¿ disse o ministro, que não quis adiantar se a meta para 2006, de US$120 bilhões, será alterada.

Em 12 meses, exportações somaram US$112,9 bilhões

Furlan considera exagerado um superávit anual acima de US$40 bilhões. Para ele, é fundamental que as importações cresçam de forma mais vigorosa nos últimos meses de 2005. Ele passou a apostar em uma meta mais elevada de exportações porque, de outubro de 2004 a setembro deste ano, as vendas externas já chegaram à cifra de US$112,917 bilhões.

¿ O cenário mundial continua favorecendo muito. Temos a recuperação e o crescimento das economias dos Estados Unidos, da Europa e da China, e os preços estão se sustentando ¿ afirmou o ministro do Desenvolvimento.

Ao lado dos presidentes do Banco do Brasil, Rossano Maranhão Pinto, e da Agência de Promoção das Exportações (Apex), Juan Quirós, e pequenos exportadores, Furlan usava uma camiseta que dizia ¿US$112 bilhões: nós contribuímos para alcançar esta meta¿. A divulgação ocorreu em cerimônia de premiação de microexportadores.

No mês passado, as exportações somaram US$10,635 bilhões e as importações, US$6,306 bilhões, valores recordes para meses de setembro. No ano, há um superávit acumulado de US$32,671 bilhões. De janeiro a setembro de 2004, o saldo acumulado era de US$25,075 bilhões.

Os grandes destaques das vendas externas em setembro foram os produtos manufaturados, que responderam por 55,3% das exportações globais, graças aos embarques de telefones celulares, óleos combustíveis, máquinas e aparelhos de terraplanagem, veículos de carga e tratores.

Do lado das importações, os gastos que mais cresceram foram com bens de capital (31,9%) ¿ que significam investimentos ¿ seguidos por bens de consumo (21,4%) e combustíveis e lubrificantes (12,7%). Já as compras de matérias-primas tiveram uma pequena queda de 0,9%.

O ministro disse que, assim que a medida provisória (MP) que está no Congresso ¿ chamada MP do Bem ¿ for aprovada, uma nova MP será publicada com mais medidas de desoneração de investimentos. Os alvos são os exportadores e o setor produtivo como um todo.

Governo já prepara uma segunda MP do Bem

O assunto já está sendo discutido na Câmara de Política Econômica e será o principal tema da próxima reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial.

¿ Estamos trabalhando em várias medidas que poderão compor a MP do Bem II ¿ enfatizou Furlan.

Entre as medidas que estarão na MP, o ministro destacou a proposta de simplificação de registro e fechamento de empresas e estímulos fiscais de desoneração de produtos da cesta básica, de higiene e limpeza e do setor de construção civil. Isso poderia dar um destino a parte dos recursos excedentes no Orçamento previsto para 2006, devido à manutenção da alíquota máxima do Imposto de Renda (IR) em 27,5% no próximo ano.

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