Título: FH também quis vice na Defesa
Autor:
Fonte: O Globo, 05/11/2004, O país, p. 3

Quando decidiu criar o Ministério da Defesa, o presidente Fernando Henrique Cardoso definiu o perfil do então vice-presidente Marco Maciel como o ideal para ocupar o novo cargo: um civil discreto, equilibrado e respeitado pelas Forças Armadas. Mas, na época, Fernando Henrique optou pelo ex-senador Élcio Álvares para ser o primeiro ministro da Defesa, em 10 de junho de 1999. Seis meses depois, com a demissão por desavenças com os militares, o nome de Maciel voltou a ser cotado justamente pela capacidade de acalmar os setores militares, que ainda resistiam à criação de um Ministério da Defesa e de serem comandados por um civil.

A idéia não deu certo devido à oposição do próprio Maciel, que preferia continuar atuando como vice-presidente e nos bastidores políticos do governo.

¿ O presidente Fernando Henrique costumava dizer que o perfil ideal era de um homem que fosse um modelo de discrição e equilíbrio, como o vice Marco Maciel, que sempre foi uma escora invisível. O seu perfil é que foi usado como exemplo ¿ lembrou José Gregori, ex-ministro da Justiça.

O Ministério da Defesa foi criado em 10 de junho de 1999, por lei, e o escolhido foi Élcio Álvares, que tinha sido líder do governo no Senado e acabava de sair derrotado das eleições de 1998 para um novo mandato no Senado. Ao assinar a lei criando a Defesa, Fernando Henrique disse que se tratava de um ¿passo histórico¿. Na ocasião, foi extinto o Estado Maior das Forças Armadas e transformados em comandos os ministérios do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Na época, os militares resistiam ao comando do ministro civil. Além de Marco Maciel, foram cogitados nomes como o de Nelson Jobim, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Mas o escolhido foi Geraldo Quintão, que trocou o comando da Advocacia Geral da União (AGU) pela Defesa. Quintão, de perfil discreto, ficou no cargo até o fim do governo tucano.

Agora, no governo Lula, a idéia do vice-presidente foi retomada. Juristas garantem que não há impedimento legal para o vice-presidente também ocupar o cargo de ministro.