Título: Alguns dirigentes têm de parar de tumultuar¿
Autor: Fábio Juppa
Fonte: O Globo, 04/10/2005, Esportes, p. 32

O presidente do STJD, Luiz Zveiter, mantém posição firme. Ele alega que agiu dentro da legalidade e sua decisão não pode ser contestada no tribunal. O dirigente explica que se utilizou de um ¿provimento cautelar no procedimento de denúncia¿. Em outras palavras, apenas antecipou as conseqüências da condenação do juiz Edílson Pereira de Carvalho, réu confesso no processo que apura o esquema de manipulação de resultados do Brasileiro.

Os clubes questionam a decisão do STJD. Há motivos para isso?

LUIZ ZVEITER: Não tínhamos outra opção. O que não dava era anular apenas um, dois ou três jogos. O tribunal tem que decidir com base no que diz a investigação. Não temos como ficar ouvindo as reivindicações de todos. O Edílson contaminou todos os jogos que apitou.

Um movimento dos clubes contra a realização das partidas anuladas promoveria o caos no futebol brasileiro?

ZVEITER: Acho que alguns dirigentes têm de parar de tumultuar e tomar cuidado com o produto deles, que é o próprio clube. E eles o vendem no campeonato. Se atrapalharem o seu andamento, é natural que seus clubes, ou produtos, passem a valer menos. Isso pode implicar em perdas de patrocínio, cotas de televisão e uma série de outros ganhos. Eles precisam saber como vender o produto que têm.

Existem brechas na lei que permitem a contestação da decisão no tribunal?

ZVEITER: Não, a decisão está tomada e não será alterada. Fiz uso do procedimento cautelar no procedimento de denúncia. Comprovada a contaminação de todas as partidas, que foi o que apontaram as investigações e a confissão pública do Edílson, a condenação dele é inevitável, assim como a anulação dos jogos. O que fiz foi antecipar a conseqüência da condenação. Se por acaso ele não tivesse confessado, a voz dele não fosse reconhecida nas fitas por peritos, aí eu não poderia determinar a anulação das partidas. Mas tudo ficou comprovado.

Foi a forma encontrada para preservar o campeonato?

ZVEITER: Para evitar danos irreparáveis, antecipei o que estava estipulado no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBDJ). Se fosse obrigado a esperar pelo processo todo no tribunal, a defesa dele, a solução do problema sairia no fim do campeonato.

Em relação aos jogos que serão repetidos, o mais correto seria a CBF arcar com todos os custos?

ZVEITER: A CBF vai fazer de tudo para resolver da melhor maneira possível. Acho que cada um dos envolvidos tem de arcar com parte dos prejuízos. O torcedor teve o prejuízo dele, o clube também...é hora de todo mundo colaborar, todos têm de se unir pelo bem do futebol brasileiro. (F.J.)