Título: NÚMERO DE MORADIAS EM FAVELAS CRESCEU DE 91 A 96
Autor: Natanael Demasceno e Selma Schmidt e Tais Mendes
Fonte: O Globo, 03/10/2005, Rio, p. 8

Instituto municipal constatou acréscimo de 13,4%

O número de habitações em favelas não caiu de 1991 para 1996, como disse o prefeito Cesar Maia em entrevista publicada ontem no GLOBO. Segundo dados do Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, vinculado à Secretaria municipal de Urbanismo, no período houve um crescimento de 13,46%. O prefeito disse ainda que, nas grandes capitais, 20% dos imóveis são ilegais ou subnormais. Dados de 2000 do IBGE mostram que 17,12% dos domicílios do Rio ficam em favelas (ou seja, 308.622 de um total de 1.802.347). Em 1991, eram 225.870 de um total 1.564.981 (ou 14,43%).

Cesar acredita que, sem a renda das drogas, seria mais fácil conter o crescimento das favelas. Segundo ele, há 50 bocas-de-fumo na Rocinha e a favela é responsável por 30% da redistribuição de drogas na cidade. A inspetora da Polícia Civil Marina Magessi, no entanto, desmentiu as declarações. De acordo com ela, a Rocinha tem 12 bocas-de-fumo e não redistribui mais drogas para a cidade. Marina informou que, desde a a morte do traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, e a prisão de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, toda a redistribuição passou a ser feita pelo Complexo da Maré. A inspetora disse que droga que sai da Rocinha é consumida apenas na Zona Sul:

¿ São garotões da Zona Sul que vão buscar a droga na Rocinha. Eles compram e revendem em apartamentos também na Zona Sul.

O prefeito sugeriu ainda que microcréditos fornecidos pelo Viva Rio na Rocinha foram aplicados na construção de lajes. Segundo o prefeito, a entidade, o BID e o BNDES estimularam a verticalização da favela. Coordenador do programa Viva Cred, do Viva Rio, Teófilo Cavalcanti disse que não é intenção do órgão fornecer crédito para incentivar a verticalização das comunidades. Segundo ele, o Viva Cred é destinado a microempresários de áreas carentes que queiram ampliar seus negócios, comprar equipamentos ou diversificar o estoque. O crédito varia de R$300 a R$5 mil e os recursos são do BID e do BNDES, com juros de 3,9% ao mês. A aplicação do dinheiro não é fiscalizada, a não ser em caso de um segundo pedido de financiamento:

¿ A própria prefeitura não consegue fiscalizar o que acontece nas comunidades. Nossa finalidade é dar apoio à economia local.