Título: OPOSIÇÃO AVISA QUE NÃO PRETENDE DAR SOSSEGO
Autor: Lydia Medeiros e Isabel Braga
Fonte: O Globo, 30/09/2005, O País, p. 10

Aleluia diz que vai obstruir se Aldo e base tentarem votar a reforma política ainda este ano

BRASÍLIA. O primeiro ato do novo presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), foi uma reunião com o colégio de líderes da Casa, mas o encontro não teve muito efeito prático. A ressaca da disputa acirrada provocou certo estranhamento entre os líderes. Houve elogios e cumprimentos a Aldo inclusive por oposicionistas, mas foi inevitável a troca de farpas entre partidários de José Thomaz Nonô (PFL-AL), que perdeu a disputa anteontem, e os governistas.

Sem acordo, uma nova reunião do colégio de líderes foi marcada para a próxima semana. Aldo afirmou:

¿ Não vou presidir a Câmara na contramão de nada. Vou procurar a mão onde eu possa transitar e retomar os trabalhos.

Logo no início da reunião, o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), provocou constrangimento ao cobrar do líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), explicação sobre suas declarações vinculando a eleição de Aldo a uma eventual absolvição de parlamentares envolvidos no escândalo do mensalão.

¿ Eu me senti politicamente agredido e não me sentirei à vontade se não houver uma explicação. Quando alguém diz alguma coisa, é preciso provar ¿ cobrou Chinaglia.

O tucano, que já tinha falado e exposto o que o PSDB esperava da reforma política, preferiu não responder.

Mas, antes de entrar para a reunião, Goldman retomara a artilharia contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva:

¿ Continuaremos fazendo oposição a este governo medíocre e corrupto do presidente Lula. O que está se vendo aí foi uma vitória do mensalão.

O líder do PFL, deputado Rodrigo Maia (RJ), avisou que caberá ao governo formar sua maioria e garantir o andamento das votações na Câmara:

¿ Nós devemos expor o governo à maioria que formou para eleger o Aldo. Não vamos colaborar. Se querem acordo para desobstruir a pauta, o PFL só aceita se o governo discutir a autonomia do Banco Central.

O líder da Minoria, José Carlos Aleluia (PFL-BA), disse que não pretende dar sossego ao governo, principalmente se Aldo e a base insistirem em atropelar o calendário e votar a emenda que estende o prazo para aprovação da reforma política:

¿ O Aldo introduziu um novo fator de obstrução ao pôr o assunto na pauta como prioridade para pagar um compromisso de campanha. Não aceitamos o nariz de cera da reforma política quando sabemos que, na verdade, só querem aprovar a alteração das cláusulas de barreira.