Título: JUSTIÇA NEGA LIBERDADE AOS MALUF
Autor: Tatiana Farah
Fonte: O Globo, 30/09/2005, O País, p. 15

Juíza alega que processo está em fase de instrução e falta ouvir testemunhas

SÃO PAULO. A juíza Silvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal Federal, indeferiu ontem o pedido de revogação da prisão do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf (PP) e de seu filho Flávio. A Justiça não acatou o argumento dos advogados de defesa, que alegaram que o motivo das prisões, a suposta intimidação do doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi, já havia sido extinto, uma vez que o doleiro já prestou depoimento. Assim, os Maluf continuarão presos na carceragem da Polícia Federal em São Paulo, onde estão há 20 dias.

O processo ainda está em fase de instrução e as testemunhas de acusação não foram todas ouvidas. Logo, o pedido de prisão feito pelo Ministério Público Federal continua acatado pela juíza. Paulo e Flávio Maluf estão presos desde o dia 10 por lavagem de dinheiro, corrupção passiva, evasão de divisas e formação de quadrilha.

Advogados dos Maluf não tinham esperança

Os advogados principais da família já estavam sem esperança de conseguir a liberdade dos Maluf ontem à tarde e não aguardavam a decisão na carceragem da PF, junto com seus clientes. A família e os advogados têm se queixado do estado de saúde do ex-prefeito, que na terça-feira foi internado no Instituto do Coração (Incor) com dores no peito e passou por um cateterismo. O exame não detectou enfarte nem obstrução de artérias e Maluf, cardiopata de 74 anos, retornou à carceragem 24 horas após a internação.

O advogado José Roberto Leal chegou a criticar a alta precoce do ex-prefeito e a dizer que seu cliente deveria ser atendido por outros médicos. No entanto, o acompanhamento clínico foi feito por Roberto Kalil, médico de confiança da família Maluf, que também trata da saúde de Flávio. Ontem à noite, após a decisão desfavorável, Maluf chamou de novo o cardiologista Kalil, que também é médico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O advogado Leal não quis adiantar se pedirá prisão domiciliar devido à saúde de Paulo Maluf.

COLABOROU: Flávio Freire