Título: PF TROCA DELEGADOS APÓS ROUBO DE R$2 MILHÕES
Autor: Antonio Werneck, Carla Rocha e Célia Costa
Fonte: O Globo, 30/09/2005, Rio, p. 21

Presos 2 homens que podem identificar policial envolvido no furto e também no desvio de cheques de rinha

Depois do roubo de mais de R$2 milhões, mudanças na Superintendência da Polícia Federal do Rio. O superintendente do órgão, delegado José Milton Rodrigues, e seu adjunto, Roberto Prel, seriam os únicos mantidos nos cargos. Todos os outros chefes serão substituídos a partir de hoje. Uma das trocas anunciadas ontem foi a da delegada Maria Cristina Dourado, da Delegacia Especial de Combate ao Crime Organizado. Serão substituídos os chefes das delegacias Fazendária, de Entorpecentes, Previdenciária, Marítima e de Patrimônio.

Policiais federais prenderam na noite de anteontem dois homens que podem ajudar nas investigações do roubo dos R$2 milhões apreendidos durante a Operação Caravelas. Os dois sabem quem passou dois cheques que teriam sido desviados durante uma operação da PF de combate a uma rinha de galos, na qual foi preso o publicitário Duda Mendonça. Os dois presos podem apontar um agente que teria repassado os cheques. Uma das linhas da investigação do roubo de R$ 2 milhões é a de que os mesmos agentes estariam envolvidos nos dois casos.

Em dezembro, dois meses depois da operação que levou à prisão Duda Mendonça e mais cinco pessoas, diretores do Clube Privê Cinco Estrelas, onde funcionava uma rinha de galos, procuraram a PF para denunciar o desaparecimento de um talonário de cheques do clube. Foi aberta uma sindicância. Os dois cheques do talão foram descontados numa agência bancária de Jacarepaguá. Os policiais federais rastrearam o depósito e chegaram a dois moradores do bairro. Chamados para depor, os dois homens disseram que receberam os cheques de um agiota que atuava em Jacarepaguá, na Barra da Tijuca e no Recreio. O nome não foi revelado, mas as duas testemunhas disseram que o agiota era da polícia. Só não souberam dizer se era um policial civil, militar ou federal.

Cocaína será queimada hoje em Belford Roxo

Ontem, uma equipe de policiais federais sob o comando do superintendente de Goiás, delegado Manoel Duailibe, chegou ao Rio para dar andamento ao processo de incineração de 1,6 tonelada de cocaína apreendida na Operação Caravelas. A droga será queimada hoje no forno de uma empresa, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense.

O diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda, também esteve ontem no Rio. Além de discutir as mudanças na superintendência, ele vistoriou com engenheiros o prédio da PF, na Praça Mauá. A intenção é investir cerca de R$45 milhões na reforma do prédio e na construção de um novo edifício.

Ontem à noite prestou depoimento em Goiânia Sandra Tolpiakow, uma das sócias das redes Satyricon e Capricciosa, presa durante a Operação Caravelas. Ela negou que seu ex-marido, José de Palinhos ¿ preso sob acusação de ser um dos cabeças da quadrilha que pretendia enviar 1,6 tonelada de cocaína em bucho de boi para a Europa ¿ tenha qualquer participação nos restaurantes. Sandra, que tem dois filhos de Palinhos, disse que sua relação com ele se limitava a questões relacionadas aos filhos e que não tinha conhecimento de que o ex-marido tinha envolvimento com o tráfico.