Título: Lula diz que não antecipa reforma no Ministério
Autor: Isabel Braga e Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 05/11/2004, O país, p. 8

Antes de embarcar para o Rio de Janeiro, pouco depois de decidir sobre o novo ministro da Defesa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou a auxiliares e assessores que a mudança de ontem não antecipará a reforma ministerial.

Mas, no Congresso, a troca de ministro aguçou o apetite dos aliados do governo. O líder do PMDB na Câmara, José Borba (PR), manifestou logo cedo o desejo do partido de que Lula aproveite a troca para fazer logo a reforma ministerial. Disse até que seu partido teria interesse na pasta, caso o vice José Alencar fosse uma opção temporária do presidente.

Na opinião de Borba, o cargo poderia ser usado para consolidar a base na futura reforma ministerial.

¿ Interesse (na pasta) o partido sempre tem. O PMDB tem comparecido de forma decisiva. Temos nomes capazes, de A a Z, de ocupar esse cargo e outros na Esplanada ¿ afirmou o deputado.

PL considera que foi escolha pessoal de Lula

O presidente do PL, deputado Valdemar Costa Neto (SP), apressou-se a afirmar que a nomeação de Alencar para o cargo não será contabilizada como cota do partido no Ministério. O vice é do PL, mas a escolha do presidente foi pessoal, segundo Costa Neto:

¿ O presidente deu uma missão a Alencar, para que ele resolva os problemas das Forças Armadas. Foi um voto de confiança no trabalho dele. Não vamos poder nomear ninguém nesta pasta.

Segundo diversos ministros consultados ontem, Lula foi claro no recado de que não pretende fazer agora uma reforma ministerial e que ela será menos ampla do que os petistas e partidos aliados gostariam. O presidente deverá fazer as mudanças na equipe apenas no início do ano que vem. Um sinal disso é que Lula está convocando para novembro um encontro de dois dias com todo o Ministério.

Presidente pretende deixar passar onda de boatos

Interlocutores do presidente disseram que ele pretende adotar na nova reforma ministerial a mesma tática anterior: deixar as especulações passarem e anunciar suas decisões mais tarde. As escolhas serão sempre tomadas isoladamente ou com a consulta a pouquíssimos auxiliares.

¿ O presidente, ao escolher o vice, deu um sinal de prestígio das Forças Armadas e que não está com pressa para fazer a reforma ministerial e nem com a vontade que alguns imaginavam ¿ disse um ministro.