Título: NEM QUEDA DA INFLAÇÃO REDUZ TJLP
Autor: Enio Vieira e Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 30/09/2005, Economia, p. 25

CMN mantém taxa em 9,75%, mesmo patamar desde abril de 2004

BRASÍLIA. O Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu ontem manter a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) em 9,75% ao ano. O indexador de contratos de empréstimo do BNDES e da casa própria está neste nível desde abril de 2004. A decisão, que desagradou empresários, se baseou em um cenário desmentido pelo próprio Banco Central, que integra o CMN com a Fazenda e o Planejamento. Foi usada uma projeção de inflação de 5,5% nos próximos 12 meses, enquanto relatório do BC divulgado ontem prevê 3,6%, e o mercado, 4,9%. Além disso, foi usado um risco-Brasil de 425 pontos centesimais e o indicador fechou ontem em 346 pontos.

A inflação mais alta justificaria a manutenção da TJLP em patamar elevado. A equipe econômica argumenta que o indicador consegue ser muito mais baixo do que a taxa básica de juros (Selic), que deveria ser o referencial. Isso geraria distorções e levaria à manutenção da Selic (referência para os juros ao consumidor) em patamares elevados.

O coordenador da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, considerou injustificável a manutenção da TJLP em 9,75%. Ele disse que isso poderá afetar os investimentos, já que o BNDES ainda é a principal fonte de recursos de longo prazo para o setor produtivo. O presidente da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústria de Base (Abdib), Paulo Godoy, esperava um corte de 1,5 ponto. (Enio Vieira)