Título: DILMA: `NÃO É POSSÍVEL FUNCIONAR SÓ UM OLHO¿
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Fonte: O Globo, 30/09/2005, Economia, p. 28

Ministra afirma que, para crescer, é preciso investir em infra-estrutura e distribuição de renda

BRASÍLIA. Sem fazer referência direta à equipe econômica, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, criticou ontem uma visão pouco desenvolvimentista para o Brasil. Em seminário, ela afirmou que o desenvolvimento e o crescimento econômico somente serão possíveis com investimentos em logística e energia e com crédito de longo prazo. Só pensar em superávit primário, inflação e balança comercial, afirmou Dilma, não resolverá os problemas do país.

¿ Não é possível funcionar só um olho, só olhar para as condições mais visíveis, a taxa de inflação, o superávit da balança comercial e os fundamentos. É fundamental que eu tenha um outro olho, que é o olho na infra-estrutura, na distribuição de renda e na infra-estrutura social: educação, saneamento e saúde ¿ alertou.

Durante encontro da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine), a ministra afirmou que o governo está investindo em áreas sensíveis. Só em rodovias serão investidos R$8 bilhões em 2005 e 2006, recursos já orçados e empenhados. Se for considerada a participação da iniciativa privada por meio das concessões e das Parcerias Público-Privadas (PPPs), os investimentos poderão dobrar.

Dilma explicou que a Casa Civil criou uma ¿sala de situação¿ ¿ que monitora a evolução de projetos ¿ para assegurar a rapidez do processo de investimentos no setor de transportes. Ela disse que também estão sendo analisados os setores de ferrovias, portos e aeroportos.

Para Dilma, setor elétrico atingiu maturidade

A ministra espera que, até meados de outubro, o Tribunal de Contas da União (TCU) conclua e aprove o edital de concessão de oito rodovias federais. O governo pretende publicar o edital de licitação ainda este ano.

Para Dilma, o setor de energia elétrica já atingiu maturidade e passará a fazer análises de médio e longo prazos. Ela afirmou que o governo tentou recompor a capacidade do setor de energia elétrica. A ministra disse ainda que, para que o país cresça, o setor de energia precisa mostrar estabilidade e segurança de abastecimento, com o menor preço possível.

¿ Um setor assim permite as condições de viabilidade de investimentos nas mais diferentes áreas ¿ disse. (Mônica Tavares)