Título: ATAQUES COORDENADOS COM CARRO-BOMBA MATAM MAIS DE 60 PESSOAS NO IRAQUE
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Fonte: O Globo, 30/09/2005, O Mundo, p. 32
Juiz ordena publicação de 87 fotos de tortura a presos em Abu Ghraib
BAGDÁ. Pelo menos 62 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas ontem em três ataques coordenados com carros-bomba em Balad, cidade 90 quilômetros ao norte de Bagdá. Entre os feridos está o comandante da polícia local.
Aparentemente foram ataques de rebeldes sunitas contra a comunidade xiita. Segundo fontes, o número de feridos chegaria a cem. Eram tantas vítimas que algumas delas tiveram que ser transferidas para Bagdá.
¿ A maioria das vítimas é composta por civis e os corpos estão destroçados ou carbonizados ¿ informou o diretor do Hospital Geral, Qasem Abud.
As duas primeiras bombas explodiram com dez minutos de diferença, a partir das 18h30m de ontem (hora local), na Rua al-Mashraf, perto de um posto policial, numa área xiita. Quando as pessoas se aproximaram para ver as conseqüências da primeira explosão, outro carro explodiu na mesma rua.
A terceira foi detonada meia hora depois numa zona comercial, no centro da cidade. Balad é uma cidade de população mista (sunita e xiita), que tem uma base aérea americana.
Os ataques coordenados não foram o único episódio de violência ontem. A explosão de uma bomba numa estrada matou cinco soldados americanos em Ramadi, cem quilômetros a oeste de Bagdá.
Já morreram pelo menos 1.929 soldados desde que os Estados Unidos invadiram o Iraque em 2003. Atualmente, há 149 mil soldados americanos no país e eles poderão ficar ainda muito tempo por lá.
Meses decisivos para a redução de tropas
O comandante das tropas americanas no Iraque, o general George Casey ¿ que esperava reduzir substancialmente o número de soldados em 2006 ¿ voltou atrás ontem. Ele declarou a senadores americanos que o número de batalhões iraquianos capazes de lutar sem ajuda americana diminuiu e se a situação não melhorar nos próximos dois meses e meio, a redução não será possível.
¿ Os próximos 75 dias serão críticos ¿ declarou.
Os iraquianos votarão num referendo sobre o texto da futura Constituição no próximo dia 15 e deverão eleger um novo governo em 15 de dezembro ¿ fatos cruciais para a transição política, mas que também poderão suscitar novos ataques.
A violência no Iraque está deixando os americanos céticos sobre o uso da força como ferramenta para disseminar a democracia. De acordo com uma pesquisa divulgada ontem, 72% dos americanos entrevistados disseram que o conflito os faz sentirem-se mal com o uso da força militar para levar a democracia. Apenas 20% se sentem melhor com tal perspectiva. Além disso, a pesquisa mostra que apenas um em cada quatro americanos acredita que depor o governo iraquiano e tentar implantar a democracia era uma boa razão para ir à guerra.
Em Nova York, um juiz ordenou ontem que sejam divulgadas 87 fotos e quatro vídeos mostrando a humilhação imposta a iraquianos na prisão de Abu Ghraib. A decisão foi contrária à posição do Exército, que considera a divulgação prejudicial à imagem e à segurança do pais.
O juiz Alvin Hellerstein considerou que os terroristas ¿não necessitam de pretextos para a barbárie¿. A divulgação do material foi solicitada pela União para as Liberdades Civis Americanas, que afirma que as tropas torturam de forma sistemática.