Título: DESARMAMENTO SABOR PIPOCA
Autor: Carolina Brígido e Cláudia Lamego
Fonte: O Globo, 01/10/2005, O País, p. 14

Dois filmes do Festival do Rio abordam questão das armas

Pela sinopse, a impressão que se tem é que ¿Querida Wendy¿, do diretor dinamarquês Thomas Vinterberg (¿Festa de família¿), é um filme que encara as armas de fogo sob outro olhar: numa pequena cidade americana, rapaz fica fascinado por uma pistola, que batiza de Wendy, e convence outros garotos a fundar um clube secreto baseado nos princípios do pacifismo e da posse de armas. Assim é no começo. Até que a profecia ouvida da boca de nossas mães quando crianças ¿ ¿quem brinca com fogo, acaba queimado¿ ¿ se torna realidade.

Às vésperas do referendo sobre a venda de armas de fogo, ¿Querida Wendy¿ é um dos filmes do Festival do Rio a encarar o assunto. A história tem início como uma fábula contemporânea, na qual, em alguns momentos, é até possível vislumbrar luz no fim do túnel. Mas o filme, que estréia no Brasil em 2 dezembro, é, na verdade, uma crítica ferrenha aos Estados Unidos, onde o comércio de armas não só é permitido como sua compra é incentivada, por fetiche, insegurança, defesa ou ataque.

O alemão ¿Willenbrock comprou uma arma¿, também no festival, mostra as mudanças na vida de um dono de loja de carros usados a partir do momento em que, depois de sofrer com ladrões, resolve comprar uma arma de fogo. O objeto não lhe traz tranqüilidade. Ele vê a arma como um perigo maior que os bandidos.