Título: CHÁVEZ ACUSA O GLOBO DE SER `LACAIO DO IMPERIALISMO¿
Autor: Eliane Oliveira, Cristiane Jungblut e Enio Vieira
Fonte: O Globo, 01/10/2005, Economia, p. 33

Presidente venezuelano critica editorial que mostrava avanço da pobreza no país vizinho

BRASÍLIA. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, criticou duramente ontem o GLOBO, acusando o jornal de ser ¿lacaio do imperialismo americano¿. Ele atacou editorial publicado na última quarta-feira, com o título ¿Chávez fracassa¿, que mostra o avanço da pobreza no país vizinho.

¿ O GLOBO atua como lacaio do imperialismo americano aqui no coração da América do Sul. Se presta ao jogo. Publica um editorial que diz que Chávez fracassou ¿ disse ele em coletiva na embaixada da Venezuela, afirmando que o texto manipula dados e números.

O editorial teve por base reportagem da correspondente do GLOBO na Argentina, Janaína Figueiredo, que mostrou que 55% dos venezuelanos vivem na pobreza, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística. Estimativas de universidades particulares mostram que esse percentual pode chegar a 70%. A reportagem cita relatórios do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) que apontam retrocesso no combate à pobreza desde que Chávez chegou ao poder, em 1999.

Um dia depois de ouvir elogios rasgados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Chávez retribuiu na mesma moeda. Ao comentar a crise política causada pelo escândalo do mensalão, ele disse que a eleição presidencial de 2006 é o real motivo dos ataques a Lula:

¿ Sei que, com Lula à frente, seguirá o Brasil adiante, caminhando pela via da estabilização, da justiça social, do desenvolvimento e do crescimento econômico. Estou seguro de que Lula é um bom companheiro, um bom homem e tem uma vontade muito firme de lutar contra a corrupção.

Chávez disse ainda estar disposto a destinar US$5 bilhões das reservas cambiais da Venezuela para criar um banco de desenvolvimento sul-americano:

¿ A principal causa da desestabilização é a pobreza.