Título: O ECONOMISTA RUIM DE CÁLCULOS
Autor: Fábio Juppa
Fonte: O Globo, 01/10/2005, Esportes, p. 44

Armando havia sido afastado por acusações de Loebeling em 2001

Armando Marques já perdeu a conta das polêmicas em que se envolveu no futebol. Apesar do diploma de economista, cometeu um erro de cálculo na decisão por pênaltis do título paulista de 73, que acabou divido entre Santos e Portuguesa. Ainda como juiz, ficou conhecido por se dirigir aos jogadores com o dedo em riste e por levar um soco de Nílton Santos que o fez rolar as escadas do túnel do Maracanã. O maior aperto foi em sua estréia num clássico, em 1960. Ao se deparar com o estádio lotado, Armando Marques urinou-se e teve que voltar ao vestiário para trocar o calção.

Apesar a voz fina e dos gestos teatrais, sua postura espalhafatosa não o fragilizava. Principal juiz do país entre as décadas de 50 e 70, participou das Copas de 66 e 74 e das Olimpíadas de 72. Filho de um padeiro, criado no bairro da Saúde, no Rio, Armando Nunes Castanheira da Rosa Marques havia encerrado a carreira há duas décadas quando foi chamado para ¿limpar¿ a arbitragem. Em 97, assumiu a comissão de arbitragem da CBF no lugar de Ives Mendes, afastado por negociar jogos com dirigentes.

¿ Sou muito ditador para ser presidente ¿ disse na posse.

Apesar do temperamento difícil, jamais teve seu nome sob suspeitas. Até que o juiz Alfredo Loebeling acusou Armando de obrigá-lo a mentir na súmula para favorecer o Figueirense na final da Série B, de 2001. Armando foi afastado preventivamente, mas voltou ao cargo após desmentido do próprio juiz. Ex-vendedor de livros, o ex-juiz hoje é um página virada pela CBF.