Título: `A OPOSIÇÃO COMETEU UM ERRO¿, DIZ PETISTA
Autor: Ilimar Franco, Maria Lima, Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 02/10/2005, O País, p. 13

Presidentes da Câmara e do Senado são aliados do governo

BRASÍLIA. Os líderes do governo consideram que a oposição foi com muita sede ao pote ao tentar derrubar o ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti, presença que tornava mais agudos os efeitos da crise. O novo presidente é um conciliador e encontra no presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), um aliado do governo.

¿ A oposição cometeu um erro. O Severino era um fator de instabilidade ¿ diz o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), que responde a processo no Conselho de Ética da Câmara por quebra do decoro parlamentar.

Acuado desde maio, Lula interveio pessoalmente na disputa pela presidência da Câmara. Ganhou, mas leva o desgaste da montagem de uma operação que envolveu vários ministros e a promessa de liberação de recursos orçamentários. Pior do que as críticas, analisam os governistas, seria sair derrotado, como em fevereiro, quando Severino venceu.

¿Segunda-feira estou pronto para a guerra¿, diz Chinaglia

O desenho político redefinido no Congresso e o fôlego obtido pelo governo promete acirrar a disputa com a oposição. Sempre de olho em 2006.

¿ Segunda-feira estou pronto para a guerra ¿ avisa o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia(PT-SP).

A disposição do outro lado é a mesma e o palco da briga continuará a ser o plenário das CPIs:

¿ Não permitiremos qualquer operação-abafa. Vamos denunciar qualquer movimento ¿ diz o senador Arthur Virgílio (AM), líder do PSDB.

No caso do PMDB, a luta será interna, pelo menos até as prévias do partido que decidirão sobre um candidato próprio à sucessão de Lula. O confronto entre o presidente Michel Temer (SP) e Renan Calheiros (AL) tornou imprevisível um quadro para 2006. O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), aposta que o PMDB dificilmente terá um candidato ao Planalto. O governador Eduardo Braga (AM), que filiou-se na semana passada ao partido, diz que tudo vai depender da situação eleitoral do presidente Lula.

¿ Não sinto nenhuma disposição na cúpula do partido de apoiar a candidatura do ex-governador Anthony Garotinho. Apóio o presidente Lula e estarei com ele na reeleição. Lula poderá ter o apoio do PMDB se estiver bem nas pesquisas ¿ diz Eduardo Braga.

Enquanto permanece indefinido, o PMDB tenta se cacifar. Renan, nome posto para vice de Lula, e a ala governista começam a semana tentando capitalizar a proposta de uma agenda positiva, com a votação da MP do Bem. O relator é o ex-ministro da Previdência Romero Jucá (RR).

¿ A crise não acabou. Respostas precisam ser dadas. O governo continua nas cordas ¿ diz Renan.