Título: EMPRESA PRIVADA DEU RETORNO DE 37% AO ACIONISTA
Autor: Mariza Louven
Fonte: O Globo, 02/10/2005, Economia, p. 35

Já as do setor público ofereceram ganho de 3,5% sobre o capital

O Conselho Regional de Contabilidade (CRC-RJ) comparou o retorno para os acionistas (ganhos sobre os recursos próprios investidos) das companhias abertas, que em geral melhoraram no primeiro semestre de 2005, em relação ao mesmo período de 2004, em todos os tipos de controle acionário. Mas enquanto as empresas privadas proporcionaram, em média, um retorno de 37%, as privatizadas garantiram 16% e as estatais, apenas 3,5%.

A pesquisa coordenada pelo auditor do CRC-RJ, José Antonio Felgueiras, selecionou entre 409 empresas abertas as que faturaram mais de R$1,3 bilhão no primeiro semestre de 2005. Foram identificadas 38 companhias nesta faixa de receita operacional, sendo cinco estatais, dez privatizadas e 23 privadas.

Lucro da Petrobras cresceu 17% e o da Ipiranga 171%

A Petrobras se destaca entre todas as companhias analisadas pelo tamanho dos números apresentados: sua receita operacional chegou a R$48,67 bilhões no semestre, 25,4% superior à dos seis primeiros meses de 2004; e seu lucro líquido foi de R$9,8 bilhões, quase 17% maior. Já a Ipiranga de porte bem menor, faturou R$8,94 bilhões, uma expansão de 26,6%, e lucrou R$88,6 milhões, aumento de 171%.

Já a Gerdau foi a empresa privada com melhor desempenho: sua receita operacional chegou a R$11,27 bilhões (mais 19%) e o resultado, a R$1,44 bilhão (expansão de 27,4%). E a Companhia Vale do Rio Doce, com receita de R$8,07 bilhões (34,7% maior), registrou lucro de R$5,09 bilhões (crescimento de 92,8%). Todas estas empresas foram beneficiadas pela alta dos preços de seus produtos (petróleo, aço e minério de ferro) no mercado internacional.

¿ Com o preço do petróleo a US$60, US$70, a Petrobras poderia ter tido resultados melhores ¿ afirma o especialista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura. Segundo ele, a Petrobras demorou a reajustar os preços dos derivados de petróleo este ano para evitar o impacto que isso teria na inflação.

Estatais contribuem para superávit primário

Quando o desempenho global das estatais melhora, como ocorreu no primeiro semestre deste ano, elas contribuem positivamente para as metas fiscais, lembra o diretor-adjunto do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Renato Villela. O conjunto das estatais aumentou sua participação no superávit primário do governo central, que foi de 4,19% do Produto Interno Bruto (PIB) até julho. As estatais participaram com 0,93% em 12 meses até julho, uma melhoria frente aos 0,64% em 2004. (Mariza Louven)