Título: LUCROS PRIVADOS AVANÇAM MAIS QUE NAS ESTATAIS
Autor: Mariza Louven
Fonte: O Globo, 02/10/2005, Economia, p. 35

A análise dos balanços das empresas abertas com faturamento superior a R$1,3 bilhão no primeiro semestre deste ano revela que o lucro líquido das empresas privadas da amostra cresceu até 30 vezes mais do que o das estatais analisadas. Enquanto o resultado líquido das estatais teve expansão média de 2%, frente a igual período de 2004, o das empresas privatizadas aumentou 56%; e o das privadas, 62%, informou o Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro (CRC-RJ).

Para o presidente do Conselho, Nelson Rocha, o crescimento mais acelerado do resultado das empresas privadas está relacionado ao fato de elas serem orientadas por uma lógica exclusivamente empresarial. Já as estatais, diz ele, são também instrumento da política econômica do governo, o que restringe os resultados financeiros. Rocha observa que o desempenho geral das empresas melhorou, independentemente do tipo de controle acionário, com expansão média de 20% da receita operacional .

¿ As estatais contribuem para a administração de preços, por exemplo, o que é positivo macroeconomicamente, porque ajuda a conter a inflação. Mas isso tem um custo ¿ afirma Rocha.

Ministério contesta e CRC-RJ diz que análise é importante

Consultado, o diretor do Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest) do Ministério do Planejamento, Eduardo Scaletsky, disse que seria difícil comentar dados que ele não conhece detalhadamente. Após a ressalva, questionou a metodologia do CRC-RJ dizendo que não se pode somar receita operacional de empresas de setores diferentes como Petrobras, Banco do Brasil, Sabesp e AmBev.

¿ Metodologicamente está errado. O certo é comparar a Petrobras com a Ipiranga, a Shell, a Esso etc ¿ disse.

Rocha concorda ser importante comparar empresas do mesmo segmento, mas diz que a análise geral é importante. Ele aproveitou para cobrar mais empenho do governo na aprovação do projeto de Lei das S.A., que obriga empresas que faturam mais de R$150 milhões e tem ativo superior a R$120 milhões a publicar balanços, inclusive as de capital fechado.