Título: CONSOLIDAÇÃO DO SETOR DEPENDE DAS CELULARES
Autor: Andre Marques
Fonte: O Globo, 02/10/2005, Economia, p. 37

Embratel, Telefônica e BrT seguem o modelo usado por Telemar-Oi

A reboque dos movimentos das teles fixas, as operadoras celulares continuarão sendo as peças-chaves para a consolidação dos grandes grupos de telecomunicações que sobreviverão no mercado brasileiro. Como definitivamente esse é um setor em que ninguém pode reclamar de monotonia, as frentes de batalha que estão por vir obrigarão as companhias a fortalecer suas defesas. Na Brasil Telecom (BrT), a preparação pode passar pela sinergia com a TIM, dando à Telecom Italia ¿ que tem 38% do capital da operadora fixa e controla a móvel ¿ uma excelente posição no tabuleiro.

¿ A TIM é a única operadora de celular que atua em todos os estados do Brasil. A sinergia com a Brasil Telecom faria do grupo um dos mais fortes do país, com oferta de telefonia fixa, mobilidade, longa distância, dados e internet (via provedores IG e Ibest) ¿ analisa um especialista no setor de telecomunicações.

Para a Telmex, a consolidação das operações de Embratel, Vésper e Claro é fundamental para defender terreno e enfrentar os adversários. No entanto, analistas do mercado consideram essa operação mais complexa, apesar de todas as empresas já estarem na mão de um mesmo dono, o empresário mexicano Carlos Slim.

¿ O problema nessa operação é que falta uma perna, a rede de telefonia fixa, pois a Vésper não tem musculatura. Eles têm uma boa operação de celular, além de redes de dados e longa distância, mas precisam solucionar, com uma rede fixa, a falta da última milha na casa do cliente ¿ explica o especialista.

Espanhóis dependem de portugueses para integração

Na Telefônica, o desafio é organizar uma integração com a operação celular da Vivo. O problema para os espanhóis está justamente no fato de dividir o controle da Vivo com os portugueses. Nesse caso, é fundamental que a Portugal Telecom venda sua parte e busque um outro ativo.

¿ Se isso não acontecer, a Telefônica ficará em desvantagem. O problema é que a Portugal Telecom condicionou sua saída à aquisição de outra empresa no país ¿ afirma um executivo de operadora.

A quem já fez o dever de casa ¿ caso da Telemar, que conta hoje com uma operação integrada com a Oi ¿ resta esperar para saber se participa sozinha do jogo daqui para a frente ou se vai entregar suas armas a um jogador de maior porte. A verdade é que o jogo parece estar longe do fim e, diz o executivo, ainda promete movimentos interessantes. Mas, como em qualquer partida de xadrez de alto nível, a próxima jogada pode vir sempre acompanhada da decisiva expressão: xeque-mate. (André Moragas)