Título: País caminha devagar para desenvolvimento sustentável
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 05/11/2004, O país, p. 13

O Brasil caminha em velocidade muito lenta rumo ao desenvolvimento sustentável. Há avanços para aliar crescimento da economia, preservação ambiental e combate à miséria, mas as desigualdades persistem, a violência é um entrave e o saneamento básico ainda é precário. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mapeou essa trajetória rumo ao desenvolvimento consistente, amparado em 59 indicadores sociais, econômicos, ambientais e dos esforços institucionais.

O país progride em praticamente todos os aspectos. O brasileiro vive mais. Quem nascia em 1992 esperava viver até 67,3 anos. Os nascidos em 2003 podem chegar a 71,3 anos. A mortalidade infantil caiu no país, mas as desigualdades regionais ainda tornam o problema grave. Alagoas é destaque negativo nesse indicador. A taxa de mortalidade no estado é de 57,7 por mil nascidos vivos. A média nacional é de 27,8. Os alagoanos também são os que morrem mais cedo ¿ a esperança de vida ao nascer é de 64 anos, a menor do país.

Segundo o IBGE, o maior problema é a velocidade na solução dos problemas. É baixa, afirmam os técnicos.

O presidente Lula vem saudando a melhora dos indicadores da economia como um passo importante para o desenvolvimento sustentável. Mas, além dos aspectos econômicos, há problemas sociais e ambientais a atacar. A escolaridade no país ainda é baixa: em média o brasileiro passa 6,1 anos na escola, menos que os oito anos do ensino fundamental. Brancos e negros não têm as mesmas chances, e o analfabetismo não foi erradicado.

¿ Nesse ritmo, nem em dez anos vamos acabar com o analfabetismo ¿ afirma a geógrafa Denise Kronemberger, que avaliou os indicadores sociais da síntese apresentada pelo IBGE.

Mais uma vez, as disparidades entre os estados são gritantes: no Distrito Federal, uma pessoa branca consegue ficar 9,6 anos na escola. Já para um negro alagoano, a vida escolar é de 3,3 anos.